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Revista Ciencias Técnicas Agropecuarias
versión On-line ISSN 2071-0054
Rev Cie Téc Agr vol.32 no.2 San José de las Lajas abr.-jun. 2023 Epub 13-Mar-2023
ARTIGO ORIGINAL
Avaliação do nível de mecanização da fazenda Aldeia Nova
IGabinete Provincial de Agricultura e Pescas do Cuanza Sul, Dpto. de Vigilancia Epidemiológica Animal e Vegetal, Sumbe, Angola.
IIInstituto Superior Politécnico do Cuanza Sul, Dpto. de Ciências Agrárias, Ambiente e Pescas, Sumbe, Província. Cuanza Sul, Angola.
IIIUniversidad Técnica de Cotopaxi, Facultad de Ciencias de la Ingeniería y Aplicadas, Dpto. Ingeniería Electromecánica, Extensión La Maná, Ecuador.
A mecanização agrícola desempenha um papel primitivo na produção dos alimentos sua implementação adequada requer conhecer os indicadores que incidem em seu desempenho. O objetivo da presente investigação foi avaliar os principais índices de mecanização da fazenda Aldeia Nova do Município da Cela. Para isso a execução do estudo consistiu em uma investigação do tipo descritiva não experimental, a qual foi divida em duas partes. A primeira consistiu em efetuar uma coleta de dados com o pessoal que atende a exploração do parque de máquinas e tractores, sua manutenção e reparação assim como, a produção. Posteriormente foram determinados os indicadores de mecanização para o qual se seguiram as recomendações metodológicas estabelecidas por vários autores. Dentro dos resultados ressaltam os valores de a relação tractores por hectares (0,008 tract ha-1), a relação potência média por tractor (108,86 kW tract-1), a relação máquinas por tractor (2,05), a relação hectares cultiváveis por tractor (126,5 ha tract-1) e a relação de hectares cultiváveis por colheitadeira (631,25 ha col-1) magnitudes que se comportaram fora do estabelecido. Finalmente, avaliou-se o nível de mecanização da fazenda Aldeia Nova mediante os índices estabelecidos para isso, e se comprovou que o mesmo é baixo, pois apesar de que o valor da potência disponível por hectare (0,86 kW ha-1) é superior aos 0,75 kW ha-1 estabelecido na literatura especializada, o resto dos indicadores apresentaram magnitudes desfavoráveis. A exceção dos indicadores de assistência técnica.
Palavras-Chave: maquinaria agrícola; tractor, colhedoras, potência, disponibilidade
INTRODUÇÃO
A mecanização agrícola é para o mundo, o mecanismo para desenvolver a agricultura e a resposta certa para a necessidade de se atender a demanda gerada pelo aumento populacional dos homens na sociedade e dos animais em criação. Assim mesmo, os benefícios da mecanização que atraem mais atenção dos agricultores são a oportunidade das operações de campo, alta eficiência, produtividade e redução dos trabalhos pesados (Pérez de Corcho et al., 2017).
Sendo então, um processo da agricultura que requer de um sistema de programação do trabalho e de controle da atividade tanto dos indicadores produtivos, como dos econômicos, técnicos, tecnológicos que permita incrementar sua eficiência (Herrera et al., 2011).
Na mecanização agrícola se diferenciam três níveis (humano, animal e motriz) considerando a fonte energética que empregue (Shkiliova et al., 2014; Daum e Birner, 2020; Gavino et al., 2020) adicional a isto se deve mencionar a incorporação de sensores, drones e robô, como o mencionam Marinoudi et al. (2019); Franco et al. (2020) que permitiram a otimização dos recursos, considerando-se este como um novo nível. O trator por sua variabilidade é o símbolo principal para medir o índice de mecanização, cujo cálculo emprega informação básica da área de produção (Magalhães et al., 2013; Sharifi e Taki, 2016; Kumar e Tripath, 2019).
A nível internacional se efetuaram várias investigações com a finalidade de diagnosticar o nível de mecanização agrícola. As mesmas se desenvolveram mediante os cálculos estabelecidos para sua futura planificação, tendo como premissa o conhecimento da quantidade de superfície de solo agrícola que se dispõe e da produção que se deseja obter. Para desta forma, poder tomar as decisões de forma correta (Gutiérrez et al., 2018; Macías et al., 2018; Rodríguez e Orbegoso, 2018; Loor et al., 2019; Hernández et al., 2020; Llano, 2021; Aragundi e Pacheco, 2022).
Entretanto, não se apreciaram evidências de publicações científicas que em Angola e especificamente na província da Cuanza Sul tenham efetuado estudos com a finalidade de diagnosticar ou avaliar o nível de mecanização das empresas de produção agropecuária. Só se evidencia o reporte realizado pelo Gutiérrez et al. (2018), o qual referiu que em África existe uma estimativa de 0,6 tratores para cada 100 hectares.
A fazenda Aldeia Nova (S. A.) conta com variado parque de máquina agrícolas e tratores, que tem a finalidade enfrentar as tarefas mecanizadas, humanizando o trabalho, além de aumentar a produtividade e o rendimento das diferentes culturas que ali se desenvolvem. Entretanto, apesar de contar com tecnologia moderna e pessoal qualificado no ramo da mecanização, não se encontraram evidências que demonstrem de que levam o controle dos diferentes indicadores de mecanização da fazenda. Esta é uma deficiência que não permite a realização de uma correta planificação da exploração do parque de máquinas e tratores e do plano de produção, nem de realizar uma valoração de se com a técnica disponível é possível cumprir de forma racional as tarefas mecanizadas. Tendo em conta o anteriormente exposto desenvolve-se a presente investigação que teve como objetivo avaliar os principais índices de mecanização da fazenda Aldeia Nova do Município da Cela.
MATERIAIS E MÉTODOS
Localização e caracterização da Fazenda Aldeia Nova
A investigação foi desenvolvida na fazenda Aldeia Nova-Waco Kungo S.A. A mesma têm como objetivo principal a produção agropecuária, indústria e comércio, situada na rua direita da Kissanga, está localizada na cidade do Waco Kungo, município da Cela, província do Cuanza-Sul, Angola.
Diagnóstico do nível de mecanização da fazenda Aldeia Nova
Para a avaliação do diagnóstico da fazenda Aldeia Nova foram determinados os indicadores de mecanização para o qual se seguiram as recomendações metodológicas estabelecidas por: Jróbostov (1977); Garrido (1989); González (1993); Azoy et al. (2016) referidas aos fundamentos da exploração e manutenção do parque de tratores e máquinas.
Tratores por hectares (
onde:
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é o número total de tratores |
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é o total de hectares de solo cultivado com e sem mecanização |
Potência média por trator (
Potência disponível por hectare (
Relação máquinas por trator (Ri.t)
Relação de hectares cultiváveis por trator (Rha.t)
Relação de hectares cultiváveis por colhedoras (Rha.c)
Disponibilidade técnica (DISP)
Preparação técnica (
onde:
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é o número médio de máquinas em bom estado técnico durante o período laboral |
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são os equipes em bom estado |
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é o número médio de tratores durante o período |
DC: |
é o total de equipes |
Aproveitamento do parque (
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tratores por hectares
A tabela 1 apresenta os valores dos indicadores que caracterizam o nível de mecanização da fazenda Aldeia Nova. Para a relação de tratores por unidade de superfície de solo
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0,008 | 108,86 | 0,86 | 2,05 | 126,5 | 631,25 | 75 | 76 | 84 |
N th : tratores por hectares, N mt : potência média por trator N d : potência disponível por hectares R it : máquinas por trator Rhat: hectares cultiváveis por trator R ha.c : hectares cultiváveis por colhedora D te : disponibilidade técnica ε pt : coeficiente de preparação técnica τ apr.par : coeficiente de aproveitamento do parque.
Potência media por trator
Quanto à magnitude que relaciona a potência media por trator
Potência disponível por hectare
A relação de potência disponível por hectare (
Este nos indica que a fazenda apresenta um índice de mecanização superior que a muitas regiões de América Latina e inclusive, países como o Peru. Entretanto, este último para apresentar um índice de mecanização que não é 0,75 kW segundo Gaetan (2007) citado por Sánchez et al. (2014), quer dizer que é baixo. Possui os mais altos rendimentos para os principais cultivos como o arroz, o milho e o cana de açúcar. O qual está negando a tese sustentada por investigadores que mantêm que a maior nível de tecnologia de mecanização corresponde os maiores rendimentos.
Por outro lado este indicador é inferior (Figura 1) a os valores referidos por Sharifi e Taki (2016); Gutiérrez et al., 2018; Loor et al. (2019); Aragundi e Pachecho (2022). Isto se deve a que a investigação efetuada por estes autores se demonstra que os tratores que se utilizam para enfrentar as tarefas agrícolas, apresentam potência superior à necessária por unidade de superfície a trabalhar ou trabalhada. Mesmo assim, o valor obtido para este indicador é bom.
Relação máquinas por trator
A relação máquinas por trator
Relação hectare por trator
A magnitude da relação hectare por trator (
Relação colhedoras por superfície de solo cultivável
De igual forma se comporta a relação colhedoras por superfície de solo cultivável (
Disponibilidade técnica e preparação técnica
Para o caso da disponibilidade técnica o valor obtido é de 75%. Esta magnitude se pode dizer aceitável, pois Pérez (2006); Zingg (2009) referiram que este coeficiente deve oscilar entre 70 a 90%. O que indica que apesar das avarias técnicas ocorridas, a administração gere de forma aceitável os insumos e peças de reposição que se requerem. Em nosso caso se pode apreciar na Figura 4a) que o valor obtido (75%) é semelhante ao reportado por Azoy et al. (2016). Mas comportou-se por debaixo do valor reportado pelo Macías et al. (2018) que foi igual aos 78%. A pesar de que o valor dito é inferior, o mesmo se considera aceitável já que se encontra no mesmo intervalo mencionado por outros autores.
Preparação técnica
O coeficiente de preparação técnica (
Aproveitamento do parque
O coeficiente de aproveitamento do parque apresentou um valor de 84%. Considerando-se este resultado como aceitável, devido a que o mesmo se encontra dentro da faixa (80 - 95%) reportada pelo Gutiérrez et al. (2007). Resultado superior ao reportado por Macías et al. (2018) que é de 77% (Figura 5). Este resultado indica que a gestão do aproveitamento do parque de máquinas e tratores é melhor que a efetuada no estudo dos anteriores autores. Estes referem que este baixo resultado se deve a que os dias máquinas trabalhados realmente trabalhados estivessem por debaixo dos dias máquinas planificadas. A causa atribui às equipes que ficaram inativos e por não contar com a peça de reposição para realizar o trabalho de reparação das mesmas.
CONCLUSÕES
O nível de mecanização da fazenda Aldeia Nova é baixo, apesar do valor da potência disponível por hectare (0,86 kW ha-1) é superior aos 0,75 kW ha-1, valor limite estabelecido na literatura, porém o resto dos indicadores apresentaram magnitudes desfavoráveis. Excetuando os indicadores relacionados com a assistência técnica e aproveitamento do parque que embora não são altos, encontram-se dentro do intervalo.
Os indicadores de mecanização sob as condições reais de trabalho da fazenda permitem afirmar que, a relação hectares por trator é elevada com um valor de 126,5 ha tract-1 comportando-se por acima das 50 ha tract-1 estabelecidas, e o 60% dos tratores estão por debaixo dos 108,86 kW tract-1 de potência media o que indica que para cumprimentar as tarefas há reorientar o planejamento do parque de tratores ou alugar seu serviço.
A relação máquinas agrícola por trator não supera as duas alfaias por trator, o qual limita a utilização plena do trator em um ciclo agrícola das culturas tais como milho, soja e sorgo
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Recebido: 15 de Setembro de 2022; Aceito: 13 de Março de 2023