INTRODUÇÃO
A educação a distância (EaD) é uma metodologia de ensino, na qual professor e aluno não estão presentes fisicamente na mesma hora e espaço geográfico, que permite estudo individual ou em grupo por meio de tecnologias síncronas ou assíncronas.1,2,3,4
As gerações da EaD são geralmente classificadas de acordo com o tipo de tecnologia empregada, sendo a primeira baseada nos sistemas por correspondência, a segunda no rádio e televisão, a terceira no texto, áudio e televisão e a quarta na EaD por meio de Internet.5
Entre as vantagens da EaD destacam-se a utilização da Internet para disponibilizar atividades de capacitação, possibilidade de disseminação de informações, transposição de barreiras geográficas, otimização do tempo, facilidade de acesso, relação custo/benefício favorável, discussão de temas direcionados para problemas do cotidiano de trabalho, flexibilidade de aprendizado, podendo o aluno estudar em casa, no trabalho, em movimento ou onde for mais conveniente.1,2
Com relação às desvantagens destacam-se o acesso limitado à Internet, falta de habilidades no manuseio de ferramentas disponibilizadas por um curso online, necessidade de disciplina e organização do aluno, empobrecimento na formação de vínculos afetivos e necessidade de conhecimento básico de informática para elaboração de atividades, entre outras.6
Em 2004, o Ministério da Saúde estabeleceu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) pela Portaria n°198/04/GM/MS,7 como proposta estratégica para a transformação das práticas de saúde e organização dos serviços, articulando as esferas de gestão, instituições formadoras e o sistema de saúde. No ano de 2006, o governo federal firmou o Pacto pela Saúde por meio da Portaria GM/MS 399/06,8 a qual apresentava mudanças na gestão da educação permanente em saúde (EPS), sendo essa reestruturada em 2007 com a instituição da Portaria n°1996/07/GM/MS.9
A educação permanente é a aprendizagem no trabalho, em que o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho, se baseando na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais.10) A EPS busca a construção de novas práticas em saúde e Enfermagem e a EaD representa relevante ferramenta que pode ser usada na melhoria da gestão do conhecimento, da qualidade da assistência e da satisfação do atendimento ao cliente.10
A PNEPS tornou-se estratégia fundamental para a dinâmica de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), subsidiando transformação das ações e consolidando esse modelo de saúde nos serviços, considerando que a EPS é um dos pilares para a organização da gestão democrática e elaboração de práticas inovadoras.11,12
Nos dias atuais, é possível potencializar a educação permanente com o aporte das tecnologias a distância, aproximando o conhecimento produzido às práticas desenvolvidas pelos profissionais de saúde. Para isso, é necessário fortalecimento dos modelos de ensino a distância que privilegiem a problematização e integrem o desenvolvimento de projetos de educação permanente em serviço.10
Na literatura, ainda não há estudo que mostre quais são as tecnologias a distância mais utilizadas para educação permanente de enfermeiros. Este estudo se justifica pelo fato de que, essas tecnologias são mais flexíveis e interativas, podendo melhorar o conhecimento dos enfermeiros sobre diferentes temáticas, a qualidade da assistência e a satisfação do cliente nos serviços de saúde. Mediante ao exposto, o presente estudo teve por objetivo verificar na literatura quais são as tecnologias a distância mais utilizadas para educação permanente dos enfermeiros.
MÉTODOS
Revisão integrativa da literatura, realizada de acordo com as etapas de: elaboração da questão de pesquisa, busca na literatura, extração de dados, avaliação dos estudos, análise e síntese dos resultados e apresentação da revisão.13
Para este estudo, elegeu-se a seguinte questão de pesquisa: “Quais tecnologias a distância são mais utilizadas para educação permanente de enfermeiros?”
A busca na literatura ocorreu no período de março e abril de 2015, nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cumulative Index toNursingandAllied Health Literature (CINAHL), National Library of Medicine (PUBMED), web of Science e noportal de periódicosScientific Eletronic Library Online (SciELO), por meio dos descritores “Educação a distância/ Distanceeducation”” e “Educação em enfermagem/ Nursingeducation”, acrescidos do operador booleano AND, pesquisados nos dicionários DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical SubjectsHeadings).
Foram incluídos artigos originais completos, disponíveis online nas bases de dados selecionadas e publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, no período de janeiro de 2005 a abril de 2015 e excluídos aqueles que estavam duplicados nas bases de dados ou que não responderam à questão de pesquisa.
A busca nas bases de dados seguiu os procedimentos de leitura dos títulos e resumos para identificar se os mesmos contemplavam a questão de pesquisa da revisão. Diante da pertinência do estudo, prosseguiu-se com a verificação da disponibilidade do texto na íntegra. Os estudos que apresentavam texto e resumo com temática pertinente, mas não disponibilizavam texto na íntegra, foram excluídos da amostra. A busca e seleção dos artigos foi realizada por dois revisores de forma independente, no intuito de conferir maior rigor à busca e inclusão dos artigos.
Processo de busca e seleção dos artigos.14
De 2 409 publicações:
LILACS: 160 estudos localizados; 87 excluídos após refinamento; 60 excluídos por não responderem à questão norteadora; 06 excluídos por se tratarem de artigos de revisão; 01 excluído por se tratar de editorial; 06 incluídos.
CINAHL: 379 estudos localizados; 322 excluídos após refinamento; 52 excluídos por não responderem à questão norteadora; 05 excluídos por se tratarem de artigos de revisão; 0 incluído.
PUBMED: 1 358 estudos localizados; 1 279 excluídos após refinamento; 72 excluídos por não responderem à questão norteadora; 04 excluídos por se tratarem de artigos de revisão; 03 incluídos.
WEB OF SCIENCE: 473 estudos localizados; 423 excluídos após refinamento; 46 excluídos por não responderem à questão norteadora; 04 incluídos.
SCIELO: 39 estudos localizados; 06 excluídos após refinamento; 22 excluídos por não responderem à questão norteadora; 03 excluídos por se tratarem de estudos de revisão; 02 excluídos por se tratarem de editoriais; 06 incluídos.
Das 19 Publicações selecionadas: 1 Publicação duplicada, 18 Publicações selecionadas.
Para extração de dados foi utilizado um instrumento adaptado15) contendo: autor, título, ano e periódico de publicação, tecnologias a distância mais utilizadas para educação permanente de enfermeiros e nível de evidência, estratificado em: Nível I- Metanálise de múltiplos estudos controlados; Nível II- Estudos experimentais individuais (ensaio clínico randomizado); Nível III- Estudos quase experimentais (ensaio clínico não randomizado, grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle); Nível IV- Estudos não experimentais (pesquisa descritiva, correlacional e comparativa, pesquisas qualitativas e estudos de caso); Nível V- Dados de avaliação de programa e dados obtidos de forma sistemática; Nível VI- Opiniões de especialistas, relatos de experiências, consensos, regulamentos e legislações.16
A análise dos artigos foi realizada de forma descritiva e a síntese dos mesmos dispostos em um quadro com as tecnologias a distância mais usadas para educação permanente de enfermeiros agrupadas em três categorias: ambiente virtual de aprendizagem (AVA), Telenfermagem e Web sites.
Os princípios éticos foram mantidos, respeitando-se os direitos autorais dos autores, mediante a citação de cada um deles.
DESARROLLO
Os 18 artigos selecionados nesta revisão foram publicados entre 2006 e 2015, sendo quinze no Brasil e três no exterior. Quanto ao nível de evidência, nove eram nível IV,2,17,18,19,20,21,22,23,24 quatro Nível VI,12,25,26,27 três Nível III28,29,30) e dois Nível II.31,32) Quinze artigos utilizaram o AVA como tecnologia a distância para educação permanente de enfermeiros,12,17-23,25,26,28,29,30,31,32 dois a Telenfermagem2,27) e um Web site24) abordando diversas temáticas: amamentação, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), ressuscitação cardiorrespiratória em neonatologia, infecção de sítio cirúrgico, processos de esterilização de matérias, cuidados preventivos do pé em pacientes com diabetes mellitus, cardioversão e desfibrilação, tratamento de feridas, úlcera venosa, delírio em pacientes idosos, feridas crônicas, eventos adversos e doenças transmissíveis (quadro).
Autores | Título | Ano / periódico | Método / Nível de evidência | Tecnologias a distância utilizadas para educação permanente de enfermeiros |
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Lima MB, |
Educação a distância para comunicação entre enfermeiros e cegos. | 2012/Journal of Health Informatics | Relato de experiência/VI | Curso a distância em AVA para capacitação de enfermeiros diante da comunicação verbal e não verbal com cegos durante a consulta de enfermagem. |
Khatony A, |
The effectiveness of web-based and face-to-face continuing education methods on nurses' knowledge about AIDS: a comparative study. | 2009/BMC Medical Education | Estudo quase experimental/III | Método de ensino baseado na |
Rodrigues RCV, Peres HHC. | Desenvolvimento de Ambiente Virtual de Aprendizagem em Enfermagem sobre ressuscitação cardiorrespiratória em neonatologia. | 2013/Rev. Esc. Enferm. USP | Pesquisa aplicada de produção tecnológica/IV | AVA para educação continuada em enfermagem sobre ressuscitação cardiorrespiratória em neonatologia. |
Silva LMG, Gutiérrez MGR, Domenico EBL. | Ambiente virtual de aprendizagem na educação continuada em enfermagem. | 2010/Acta Paul Enferm | Relato de experiência/VI | Projeto educativo semipresencial para controle de infecção de sítio cirúrgico, direcionado aos enfermeiros de um hospital universitário. |
Quelhas MCF, Lopes MHBM, Ropoli EA. | Educação a distância em processos de esterilização de materiais. | 2008/Rev. Esc. Enferm. USP | Pesquisa metodológica/IV | Curso a distância sobre processos de esterilização de materiais, com o uso da |
Padalino Y; Peres HHC. |
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2007/Rev. Latino-Americana de Enfermagem | Estudo experimental individual/II | Método |
Grossi MG, Kobayashi RM. | A construção de um ambiente virtual de aprendizagem para educação a distância: uma estratégia educativa em serviço. | 2013/RevEscEnferm USP | Relato de experiência/VI | AVA em rede social para implementação da EAD e a inclusão tecnológica em serviço com enfermeiros de um hospital. |
Sanches LMP, Lopes MHBM. | Educação a distância sobre cardioversão e desfibrilação para enfermeiros. | 2008/RevBrasEnferm | Estudo descritivo/IV | Curso a distância sobre Cardioversão e Desfibrilação para enfermeiros, utilizando o AVA do |
Ribeiro MAS, Lopes MHBM |
Desenvolvimento, aplicação e avaliação de um curso a distância sobre tratamento de feridas. | 2008/Rev Latino-am Enfermagem | Pesquisa aplicada, Longitudinal/IV | Curso a distância por meio do AVA |
Queiroz FM, |
Úlcera venosa e terapia compressiva para enfermeiros: desenvolvimento de curso |
2012/Acta Paul Enferm. | Estudo de desenvolvimento/IV | Curso |
Steeg LV, |
Can an e-learning course improve nursing care for older people at risk of delirium: a stepped wedge cluster randomized trial. | 2014/BMC Geriatrics | Estudo controlado randomizado/II |
|
Gonçalves MBB, Rabeh SAN, Terçariol CAS. | Contribuição da educação a distância para o conhecimento de docentes de enfermagem sobre avaliação de feridas crônicas. | 2015/Rev. Latino-am Enfermagem | Estudo quase experimental/III | Curso de atualização sobre a avaliação de feridas crônicas no AVA do |
Casaburi PR, Westin UM, Zem-Mascarenhas SH. | Elaboração e avaliação de conteúdo educacional sobre Úlceras por Pressão | 2012/Journal of Health Informatics | Estudo descritivo exploratório/IV | Conteúdo educacional sobre úlcera por pressão para a educação a distância. |
Xelegati R, Évora YDM | Desenvolvimento de ambiente virtual de aprendizagem em eventos adversos, em enfermagem. | 2011/Rev. Latino-am Enfermagem | Pesquisa aplicada/IV | AVA sobre gerenciamento em eventos adversos, para educação permanente de enfermeiros, abordando as temáticas: úlcera por pressão, erros de medicação, flebite, queda e perda de sonda nasogastroenteral. |
Alexander LK, |
Partnering to Meet Training Needs: A Communicable-Disease Continuing Education Course for Public Health Nurses in North Carolina. | 2008/Public Health Reports | Estudo quase experimental/III | Curso de educação continuada sobre doenças transmissíveis para enfermeiros da Carolina do Norte com uso da |
Godoy SCB; Guimarães EMP; Assis DSS. | Avaliação da capacitação dos enfermeiros em unidades básicas de saúde por meio da Telenfermagem. | 2014/Rev. Escola Anna Nery | Descritivo, abordagem qualitativa/IV | Educação permanente a distância para a equipe de enfermagem das Unidades Básicas de Saúde nos municípios cadastrados pelo projeto Telenfermagem. |
Prado C, |
Teleamamentação no Programa Nacional de Telessaúde no Brasil: a experiência da Telenfermagem. | 2013/RevEscEnferm USP | Relato de experiência/VI | Teleamamentação para proporcionar aos profissionais da atenção primária informações sobre diversos aspectos da amamentação por diferentes profissionais da área da saúde. |
Alves VLS, |
Criação de um |
2006/Acta Paul Enferm | Estudo de desenvolvimento/IV |
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Ambiente Virtual de Aprendizagem
A Educação a Distância (EaD) sofreu novo impulso com a utilização dos recursos da Informática, possibilitando o ensino não presencial e o semipresencial de pessoas do mundo todo. Experiências sólidas e bem-sucedidas na Europa, Estados Unidos e Canadá, evidenciam que a imagem desta modalidade de ensino deixou de ser considerada de segunda linha e baixo custo e passou a ser encarada como uma modalidade de qualidade, acessível e interativa.5,6
Com o desenvolvimento da Internet e a popularização do uso do computador, surgiram diversas ferramentas capazes de auxiliar a criação e a oferta de cursos mediados por essa tecnologia, tal como o AVA. Apesar da expressão AVA ser, atualmente, muito utilizada, seu conceito merece atenção. De modo geral, AVA refere-se ao uso de recursos digitais de comunicação, principalmente, por meio de softwares educacionais via web que reúnem diversas ferramentas de interação síncronas e assíncronas.3
Um AVA pode ainda ser conceituado como espaço de relações com o saber, que é o objetivo maior do processo de aprendizagem. Tal espaço é compreendido por autores como ambientes favorecedores de construção do conhecimento a partir das interações dos alunos com os conteúdos, com os outros alunos e com os professores.12
Esse ambiente de aprendizagem agrega dados e informações disponibilizadas por meio de diferentes mídias (textos, imagem e som), conectadas por links que podem direcionar o usuário dentro do ambiente ou fora dele. O AVA é considerado dinamizador do processo de ensino e aprendizagem. Alunos e mediadores redimensionam o ensinar e o aprender, ampliando a aprendizagem nas dimensões espaciais e temporais. Além disso, ocorre mudança nos papéis do aluno e do professor que fazem com que os alunos alcancem novo patamar: passa a ter mais autonomia para aprender e o professor passa a ser moderador/facilitador do processo de aprendizagem durante a interação por meio das redes que permitem discussões síncronas e assíncronas.12
Neste sentido, o AVA é uma tecnologia a distância potencial para a aprendizagem, pois ao transitar pelo ambiente o educando tem a oportunidade de visualizar, participar, interagir, cooperar e construir ativamente seu conhecimento.33
Investigações nacionais e internacionais envolveram a Enfermagem na era da Informática e mostraram seu uso no ensino, na pesquisa, na administração e na assistência.12,17,26,33) Os achados desta revisão evidenciam que a partir de 2006 a Enfermagem brasileira, apresentou significativo crescimento da produção científica na área de tecnologia a distância com tendência a desenvolver AVA a partir de pesquisas de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, para educação permanente de enfermeiros na área assistencial e na educação em saúde da população.3,12,17-23,25,26,28,29,30,31,32
O AVA é uma realidade e apesar de estar sendo utilizado no Brasil amplamente, necessita de aprimoramento que será realizado ao longo das necessidades que forem surgindo com as pesquisas realizadas. Esta utilização, oportunizará a organização de espaços potencializadores do processo de ensino e aprendizagem. Contudo, a apropriação dessa tecnologia de ensino a distância somente contribuirá com a qualificação da educação permanente de enfermeiros à medida que houver planejamento adequado e comprometimento dos gerentes dos serviços de saúde e dos pesquisadores (professor/aluno), para propiciar condições de mudanças na prática clínica.
Telenfermagem
No Brasil, a Portaria 35/200734) instituiu no âmbito do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde com o objetivo de desenvolver ações de apoio à assistência à saúde e sobretudo de educação permanente de Saúde da Família, visando à educação para o trabalho, na perspectiva de mudanças de práticas de trabalho, que resultem na qualidade do atendimento da Atenção Básica. Em 2011, a Portaria 2546/201135) redefiniu e ampliou o Programa Telessaúde Brasil, que passou a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes.
O Projeto Telenfermagem é parte do Programa Nacional de Telessaúde e sua finalidade é visualizar novas formas de prestar a assistência, considerando as necessidades locais e, com isso, colaborar para a transformação das realidades práticas, uma vez que oferece a possibilidade de EaD para a equipe de saúde. Esta tecnologia de ensino-aprendizagem utiliza recursos tecnológicos de informação, por meio da interligação via rede dos pontos de acesso, para melhorar a prestação da assistência nas unidades de saúde e contribuir para a formação permanente dos profissionais de Enfermagem.36
No cenário das unidades de saúde, a Telenfermagem vem contribuindo no processo de educação no trabalho, permitindo que os profissionais de saúde, especialmente os da Enfermagem, realizem sua capacitação profissional no próprio local de trabalho. As ferramentas empregadas pelo Telenfermagem para a EaD envolvem a videoconferência, que consiste em um sistema de comunicação entre pontos geograficamente afastados, possibilitando a troca de imagens, vídeos e áudios entre as partes conectadas em tempo real, e a teleconsultoriaonline e offline,que permite ao profissional obter uma segunda opinião para auxiliar na tomada de decisão de casos clínicos e de gestão em saúde.36
Estudos2,27,37 apontam que o Telenfermagem amplia o acesso dos profissionais às ações de educaçãopermanente em saúde mediado pelas tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), evitando o deslocamento geográfico desnecessário de usuários do SUS, aumentando a capacidade de resolutividade dos problemas de saúde pelas equipes, bem como permitindo a integralidade docuidado. Como desafio a incorporação das ferramentas do Telenfermagem no processo de trabalho do profissional na instituição requer apoio dos gestores, que devem ser sensibilizados para reconhecer o quanto estas são relevantes para a educação permanente da equipe de Enfermagem, ao facilitar as ações e auxiliar os trabalhadores no exercício de sua profissão.
Web sites
No contexto das comunicações eletrônicas, Web site e Site tem o mesmo significado e fazem referência a uma página ou a um agrupamento de páginas relacionadas entre si, acessíveis na Internet por meio de um endereço eletrônico. Os web sites podem ser institucionais, informativos, pessoais, comunitários, entre outros. Nas páginas de um web site podem ser colocadas diversas mídias (textos, imagens, vídeos ou animações digitais).
Uma proposta de web sitedeve ser avaliada por juízes das áreas de Informática em saúde e Enfermagem, visando ajustes dos aspectos pedagógicos (conteúdo, atividades e interação) e técnicos (tempo de resposta e qualidade da interface).3,38
Em um estudo foi apresentado um relato de experiência da construção de um web site para enfermeiros sobre pé diabético.24) O estudo apresenta as fases de construção do projeto e traz avaliação da ferramenta por experts da área clínica em questão, de design, interface e manipulação. 90 % dos experts consideraram a ferramenta como excelente, muito bom ou bom e indicaram contribuições para o aperfeiçoamento do web site.
Acredita-se que EaD baseada na Internet possa colaborar com a educação permanente, uma vez que, em um país com grandes lacunas educacionais, acesso fácil às TICs possa eliminar barreiras geográficas e, gradualmente, promover educação de qualidade.
CONCLUSÕES
Os resultados desta revisão apontam aumento da produção científica brasileira, em relação ao uso de tecnologia a distância para educação permanente de enfermeiros, no intuito de promover mudanças na prática clínica que melhorem a qualidade da assistência de Enfermagem. Este aumento, pode ter sido consequência do Programa Nacional de Telessaúde instituído no Brasil, em 2007. Apesar disso, há escassez de estudos experimentais e quase-experimentais para produção de evidências fortes sobre a temática no mundo.
O AVA foi a tecnologia a distância mais utilizada para educação permanente de enfermeiros sobre diversas temáticas que enfocavam desde a prevenção de doenças, promoção da saúde até a recuperação e reabilitação de agravos à saúde.
Desta forma, a EaD pode colaborar na educação permanente de enfermeiros, visto que é uma modalidade de ensino que estimula a construção do conhecimento, fomenta a autonomia do aluno na busca e aprofundamento de conteúdo, desenvolve habilidades, melhora a capacidade de argumentação e o trabalho em conjunto com os outros participantes. Com isto, a EaD não pretende substituir o ensino tradicional, mas se consolidar como metodologia complementar no processo de ensino-aprendizagem dos enfermeiros.
Por último, os estudos desta revisão apontam algumas dificuldades tidas para utilização das tecnologias a distância, entre as quais se destacaram a falta de familiaridade com as ferramentas do AVA, escassez de tempo para desenvolver as atividades propostas pelo programa de educação permanente a distância; dificuldade de acesso à Internet, perda da conexão, falta de conhecimento e habilidade para manusear a tecnologia e pouca interação entre tutor e aluno.