Introdução
A Úlcera Venosa (UV), é uma lesão cutânea que acomete o terço inferior das pernas, representando cerca de 70 % a 90 % dos casos de úlceras nos membros inferiores. Essa lesão está associada à Insuficiência Venosa Crônica que engloba qualquer alteração morfológica ou funcional do sistema venoso.1
A prevalência de úlceras venosas varia entre os estudos, devido à heterogeneidade dos métodos diagnósticos e as características epidemiológicas da amostra. É considerada um problema de saúde pública, uma vez que já se prevê que 1 % da população adulta terá úlcera de perna em algum momento de sua vida. Essa condição afeta 3,6 % das pessoas com mais de 65 anos.2
A úlcera venosa gera impactos físicos e psicossociais, como por exemplo, dor, deambulação prejudicada, baixa autoestima, limitações nas atividades domésticas, de lazer, no trabalho e na vida social. Por isso, as pessoas acometidas com esta doença necessitam de assistência integral e resolutiva, com vista ao restabelecimento da saúde e seu retorno às atividades cotidianas.3
A importância de um atendimento adequado a esta população, nos reporta à adoção de uma metodologia assistencial e, portanto, ao Processo de Enfermagem (PE) compreendido como um instrumento ou modelo metodológico que favorece o cuidado, assim como, organiza as condições necessárias para que o cuidado seja realizado.4,5)
Visto a partir dessa perspectiva, o Processo de Enfermagem determina a existência de alguns elementos que lhe são inerentes como a habilidade em formular diagnósticos, descrição dos resultados alcançados e a escolha de intervenções mais adequadas para cada situação, constituindo assim, uma prática baseada em evidência.6
O levantamento dos diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem em populações específicas possibilita o conhecimento das respostas humanas alteradas, contribuindo para o alcance de uma assistência de qualidade. Diversos autores têm se preocupado em identificar os diagnósticos, resultados e/ou intervenções de enfermagem em grupos específicos, como, por exemplo, idosos com insuficiência cardíaca, pacientes com feridas crônicas, pacientes de clínica cirúrgica, de clínica oncológica, idosos, etc. (6,7,8,9,10
A utilização dos diagnósticos de enfermagem da NANDA-I possibilita a identificação dos problemas do paciente com vistas ao restabelecimento e à promoção da saúde.11) Por sua vez a classificação da intervenção de enfermagem -Nursing Interventions Classification (NIC) descreve os tratamentos executados por enfermeiros para melhorar os resultados dos pacientes,12 e a classificação do resultado de enfermagem - Nursing Outcomes Classification (NOC) são estados reais, comportamentos ou percepções individuais, familiares ou comunitárias que podem ser mensurados no decorrer de uma resposta a uma ou mais intervenções.13
Nota-se, então, a importância da identificação dos diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para subsidiar uma assistência diferenciada, adequada às necessidades individuais de cada paciente pautada no raciocínio clínico e tomada de decisão.
Assim, estabeleceu-se a seguinte questão de pesquisa: quais são os diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem de pacientes com úlcera venosa de acordo com as classificações NANDA-I, NOC e NIC?
O objetivo do estudo foi identificar os principais diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem em pacientes ambulatoriais com úlcera venosa, de acordo com as classificações NANDA-I, NOC e NIC.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal, com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados no ambulatório de um hospital universitário em Niterói/RJ no período de abril e maio de 2015.
A população atendida foi de 302 pacientes. Para determinação da amostra da pesquisa foram incluídos todos os pacientes da população que atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos. São eles: ser maior de 18 anos, de ambos os sexos, portadores de úlcera venosa e comparecimento a cinco ou mais consultas de enfermagem. Foram excluídos pacientes com distúrbio psiquiátrico e pacientes grávidas. Assim, a amostra deste estudo foi de 20 pacientes com feridas de etiologia venosa.
Para nortear a etapa de coleta de dados, foi adotado um protocolo já validado composto por três sessões. A sessão I continha variáveis sociodemográficas e clínicas que foram avaliadas segundo os padrões funcionais de saúde, propostos por Gordon, presentes na Taxonomia II da NANDA-I. A sessão II apresenta os Diagnósticos de Enfermagem compostos por título, fatores relacionados e características definidoras, além dos Resultados de Enfermagem (NOC) com seus respectivos títulos e indicadores. E a sessão III contempla as Intervenções de Enfermagem (NIC) por meio de suas atividades.
Os diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem levantados foram identificados nos clientes por meio de entrevista, exame físico e consulta em prontuário em um único momento, com duração média de uma hora.
Na análise dos dados foram utilizados elementos da estatística descritiva, tais como, frequência absoluta e relativa.
O desenvolvimento do estudo atendeu as normas nacionais e internacionais em pesquisa envolvendo seres humanos e obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense com número do parecer consubstanciado 826.043 (CAAE- 35030514.3.0000.5243).
Resultados
Fizeram parte do estudo 13 (65 %) pacientes do sexo feminino e sete (35 %) do sexo masculino, com idade média de 64 anos. A maioria dos indivíduos se autodeclarou negra 12 (60 %), possuía o ensino fundamental incompleto nove (45 %), residia na cidade de São Gonçalo 11 (55 %), com presença de água encanada 16 (80 %) e esgoto encanado 18 (90 %).
Foram identificados 18 diagnósticos (NANDA-I)/resultados de enfermagem (NOC), porém os mais prevalentes foram: integridade tissular prejudicada/cicatrização de feridas: 2ª intenção (100 %), perfusão tissular periférica ineficaz/integridade tissular (100 %), risco de integridade da pele prejudicada/integridade da pele (90 %), dor crônica/controle da dor (80 %), nutrição desequilibrada mais do que as necessidades corporais/conhecimento: controle do peso (65 %), integridade da pele perilesional prejudicada/cicatrização de feridas: 2ª intenção (55 %), ansiedade/nível de ansiedade (45 %), distúrbio da imagem corporal/imagem corporal (45 %) e deambulação prejudicada/mobilidade (40 %). Os demais diagnósticos podem ser observados na Tabela 2.
No Quadro 1, encontra-se as atividades da NIC de acordo com os domínios e categorias diagnósticas da NANDA-I encontrados em pacientes com úlcera venosa. Observou-se que na categoria da Integridade tissular prejudicada e Perfusão tissular periférica ineficaz as atividades propostas pela NIC estiveram presentes em quase todos os participantes.
Dominio (NANDA) | Categoría Diagnóstica (NANDA) | Actividades (NIC) | N | % | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Medir el lecho de la herida | 20 | 100 | Documentar el lugar, el tamaño y la apariencia de la herida | 20 | 100 | Monitorear las características de la herida, incluyendo drenaje, color, tamaño y olor | 20 | 100 | Promover el cuidado del borde de la herida cuando apropiado | 20 | 100 | Limpiar la herida con SF 0.9% en un chorro y _____________________________ | 20 | 100 | Realizar curativo con _____________ en la región ________________ | 20 | 100 | Desbridar la herida de manera _______ | 17 | 85 | Aplicar curativo compresivo, si indicado. | 1 | 5 | Asegurar el uso de la técnica adecuada en el cuidado de heridas | 20 | 100 | Guiar al paciente o a sus familiares sobre los procedimientos de cuidado de heridas, incluyendo infección | 20 | 100 | Incentivar la ingesta de líquidos, cuando apropiado | 20 | 100 | Asegurar el uso de la técnica adecuada en el cuidado | 11 | 55 | Guiar al paciente o a sus familiares sobre los procedimientos de cuidado de heridas, incluyendo infección | 11 | 55 | Incentivar la ingesta de líquidos, cuando apropiado | 11 | 55 | Guiar al paciente o a sus familiares sobre los procedimientos de cuidado de heridas, incluyendo infección | 18 | 90 | Incentivar la ingesta de líquidos, cuando apropiado | 18 | 90 | Guiar a la persona para hidratar la piel todos los días, seguido de la aplicación de emolientes. | 18 | 90 | Monitorear al paciente en busca de reacciones alérgicas a nuevos medicamentos, fórmulas, alimentos y/o látex. | 4 | 20 | Guiar al paciente o a sus familiares sobre los procedimientos de cuidado de heridas, incluyendo infección | 1 | 5 | ||||||
Pesar al paciente a intervalos apropiados. | 2 | 10 | Incentivar la ingesta calórica ____________ adecuado para el tipo de cuerpo y estilo de vida | 2 | 10 | Pesar al paciente a intervalos apropiados. | 13 | 65 | Incentivar la ingesta calórica ____________ adecuado para el tipo de cuerpo y estilo de vida | 13 | 65 | Guiar al individuo sobre la importancia del ejercicio | 13 | 65 | Incentivar la ingesta calórica ____________ adecuado para el tipo de cuerpo y estilo de vida | 3 | 15 | Guiar sobre la importancia del control glucémico | 3 | 15 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Monitorear la adherencia del paciente al régimen de medicación. | 16 | 80 | Investigar los factores que alivian o empeoran el dolor | 16 | 80 | Investigar los factores que alivian o empeoran el dolor | 1 | 5 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Incentivar el paciente a realizar actividades normales de la vida diaria; Establecer una rutina para las actividades | 2 | 10 | Incentivar el descanso | 8 | 40 | Guiar al individuo sobre el uso de ayudas para deambulación (muletas, silla de ruedas, andadores, bastón) | 8 | 40 | Monitorear la presión arterial, el pulso, la temperatura y el patrón respiratorio, cuando apropiado | 6 | 30 | Monitorear la adherencia del paciente al régimen de medicación | 6 | 30 | Discutir las preocupaciones financieras con respecto al régimen de medicación | 6 | 30 | Incentivar el paciente a establecer una rutina antes de acostarse para facilitar la transición de la vigilia al sueño; Guiar para evitar bebidas y alimentos que interfieren con el sueño | 1 | 5 | Monitorear la presión arterial, el pulso, la temperatura y el patrón respiratorio, cuando apropiado | 20 | 100 | Monitorear el edema en las piernas y los pies (signo de Cacifo); Elevar MMII | 16 | 80 | Incentivar el descanso | 20 | 100 | Guiar al individuo sobre la importancia del ejercicio | 20 | 100 | ||||||||||||||||||||||||||||||
Ayudar a identificar acciones que mejoran la apariencia; Ayudar a discutir los factores estresantes que afectan la imagen corporal. | 9 | 45 | Ayudar a establecer objetivos realistas para lograr una mayor autoestima; Transmitir confianza en la capacidad del paciente para hacer frente a la situación. | 6 | 30 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Incentivar la expresión de sentimientos, percepciones y miedos; Aclarar las expectativas según el comportamiento del paciente. | 6 | 30 |
Discussão
O processo de enfermagem favorece o cuidado e a organização das condições necessária para que ele seja realizado com qualidade e eficiência. Os sistemas de classificação de enfermagem possibilitam o cuidado em uma linguagem única e padronizada, a melhora da comunicação e da qualidade das documentações, além de proporcionar visibilidade ao trabalho do enfermeiro.5
Observou-se neste estudo que os diagnósticos e seus respectivos resultados de enfermagem: “Integridade tissular prejudicada/Cicatrização de feridas: 2ª intenção” e “Perfusão tissular periférica ineficaz/Integridade tissular” são comumente identificados em pacientes com úlcera venosa, relacionando-se a profundidade da lesão e a diminuição da circulação para a periferia tendo como causa a hipertensão venosa que provoca alterações na microcirculação e danos nas paredes dos vasos. Pesquisas similares também destacam estes diagnósticos como os mais prevalentes.14,15
As intervenções de enfermagem relacionadas aos diagnósticos/resultados de enfermagem mencionados anteriormente são: preparação do leito da lesão, limpeza da lesão com soro fisiológico 0,9 %, medição do leito da lesão, documentação do local, do tamanho e do aspecto da lesão, gestão dos produtos a aplicar no leito e na pele perilesional, aplicação da terapia compressiva, elaboração de um plano de exercício físico e orientações para o cliente sobre os procedimentos de cuidado com a ferida são atividades de enfermagem fundamentais para o adequado tratamento das lesões tissulares.14,16
O diagnóstico/resultado de enfermagem “Integridade da pele perilesional prejudicada/Cicatrização da ferida: 2ª intenção” é um diagnóstico/resultado que suscita intervenções de enfermagem na prática clínica. Os sinais inflamatórios nas bordas e área perilesional indicam presença de infecção, já a maceração se deve a exposição prolongada da pele a fluidos, sendo um sinal de alerta quanto à cobertura utilizada, nível deficiente de autocuidado ou do cuidado profissional.16
Em um estudo17 realizado na unidade de saúde municipal de Ribeirão Preto-SP, a maioria dos pacientes apresentava pele perilesional fina, brilhante, descamativa, com hipertermia e hiperemia. Evidencia-se com isso, a relevância da avaliação do enfermeiro quanto a utilização do curativo ideal que deve proporcionar impermeabilidade à água e outros fluidos, promover um ambiente úmido, manter temperatura adequada, proteger a ferida contra traumas mecânicos e infecções e limitar os movimentos dos tecidos ao redor da ferida.18
Outro diagnóstico/resultado de enfermagem importante é “Risco da integridade da pele prejudicada/Integridade da pele” tendo como fatores desencadeantes o ressecamento, prurido, umidade, mudanças no turgor e pigmentação da pele, extremos de idade, hipertermia e circulação prejudicada, características estas, que favorecem o surgimento de novas lesões. Pesquisas similares também identificaram este diagnóstico em indivíduos que apresentam feridas associadas à circulação prejudicada.6
Nesse sentido, vislumbra-se a necessidade de intervenções de enfermagem a fim de desenvolver orientação junto a essa clientela, com foco na prevenção da perda da integridade da pele e suas complicações. Entre as medidas preventivas, destacam-se o abandono do tabagismo e etilismo, aumento da ingesta hídrica e hidratação da pele.15
A Dor crônica/Controle da dor é um diagnóstico/resultado de enfermagem que gera como consequência alteração do sono e desconforto físico e emocional. A dor é um sintoma frequente e sua prevalência varia entre 80 % e 96 % nesse grupo de pessoas, e ainda, pode influenciar negativamente na cicatrização, pois o estímulo doloroso está associado à liberação de mediadores inflamatórios, que potencialmente reduzem a reparação e a regeneração do tecido.19 Entretanto, estudo internacional constatou que os pacientes que faziam uso de terapia compressiva e receberam orientação para elevação dos membros inferiores, apresentaram menor intensidade da dor e menor impacto nas atividades diárias.20
Como bem colocam algumas pesquisas,21,22 a dor crônica é um agravante que limita a deambulação, e nesta pesquisa os sujeitos apresentaram o diagnóstico e resultado de enfermagem “Deambulação prejudicada/mobilidade”. Isso significa que a diminuição ou ausência da dor pode gerar um conforto ao paciente e assim, permitir que o mesmo consiga caminhar com mais facilidade. E uma das atividades que a NIC sugere é o encorajamento ao repouso e orientação quanto aos auxiliares da deambulação.
Outro diagnóstico/resultado de enfermagem relevante no processo de reparação tecidual foi “Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais/Conhecimento: controle do peso”. Tal diagnóstico está relacionado à ingestão excessiva de nutrientes que acarretam excesso de peso e consequentemente prejudicam a cicatrização decorrente do comprometimento da circulação sanguínea e da hipoventilação que reduzem a perfusão de oxigênio e nutrientes nos tecidos.23
A avaliação nutricional tem como propósito determinar as melhores possibilidades de intervenção nutricional levando em consideração fatores socioeconômicos, educacionais e psicoemocionais. Os enfermeiros devem atuar junto a esta clientela incentivando a adoção de mudanças para promover um estilo de vida mais saudável, incluindo auxiliá-los a superar os obstáculos relacionados com modificações na dieta, prática de exercícios físicos regulares e prevenção de agravos à saúde.23,24
O diagnóstico de enfermagem e seu respectivo resultado “Ansiedade/Nível de Ansiedade” apresentou-se frequente nesta e em outra pesquisa.25 Trata-se de um achado coerente com as circunstâncias vividas por esses pacientes, dado a dor, o odor e o aumento do tempo de cicatrização devido a cronicidade da doença. Estudo sobre a prevalência de ansiedade e depressão em 190 pacientes com úlceras venosas crônicas através da Escala Hos pitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) identificou que 52 (27 %) pacientes apresentaram depressão e 50 (26 %) foram classificados como ansiosos. Os dois sintomas que estavam associados com ansiedade e depressão foram dor e odor.26
Estudos revelam um aumento na quantidade de pacientes com o diagnóstico de Ansiedade, por isso este sentimento dever ser foco da atenção do enfermeiro, que precisa intervir oferecendo oportunidade ao paciente e seus familiares de compartilhar sentimentos, proporcionar uma atmosfera que promova calma e relaxamento, transmitir atitude isenta de julgamento, ouvir com atenção e explicar o plano de tratamento proposto com o intuito de oferecer segurança e tranquilidade.14,25
O sofrimento vivenciado por esses pacientes também estão relacionados ao diagnóstico/resultado de enfermagem “Distúrbio da Imagem corporal/Imagem Corporal” que reflete uma visão distorcida do próprio corpo levando ao afastamento do convívio social. Em um estudo realizado com pacientes que apresentavam ferida crônica objetivou-se identificar as experiências construídas pelas pessoas com úlcera venosa, no processo de conviver com esta condição crônica. A maioria relatou sentir-se constrangida, discriminadas com distúrbio da autoimagem e com vergonha da sua lesão, passando a vestir roupas que cubram os membros inferiores. Há também influência nas relações conjugais, na qual a vergonha e o aspecto da lesão influenciam e podem levar ao término de relacionamentos.26)
A compreensão do sofrimento das pessoas, nesse caso específico, permite assumir no cuidado um tratamento digno e humanizado, para tanto a intervenções indicadas contribuem para a sua autopercepção assim como, identificar os efeitos e influências a serem trabalhados como medida interventiva capaz de viabilizar a adaptação a esta nova condição e estimular o desenvolvimento das capacidades individuais de enfrentamento, por meio do relacionamento terapêutico.27
Nesse sentido, a utilização dos sistemas de classificação permite o conhecimento completo e detalhado do paciente com úlcera venosa pelo enfermeiro, garantindo maior resolutividade ao tratamento, que representa um desafio as práticas profissionais, não só pela questão financeira para o sistema de saúde e para o indivíduo, mas pelo impacto biopsicossocial das úlceras venosas.
Podem ter constituído limitação do estudo o número relativamente pequeno de pacientes incluídos, diante do fluxo de atendimento ambulatorial e a falta de randomização ou cálculo amostral.
Em conclusão, o estudo demonstrou que a identificação dos diagnósticos de enfermagem direciona o processo de cuidado do enfermeiro, favorecendo o planejamento dos resultados e intervenções especificas e individualizadas que suprem as necessidades humanas afetadas desta clientela.
Diante da complexidade dos cuidados necessários aos pacientes com úlcera venosa, o enfermeiro assume papel estratégico no processo de promoção, manutenção e recuperação da saúde ao despertar nesse profissional a necessidade e importância de fazer uso dos sistemas de classificação, sendo possível conferir um cuidado integral e maior poder clínico ao enfermeiro.
Estudos futuros poderão ser aplicados em amostras ampliadas e em múltiplos cenários para validação dos desfechos, contribuindo com o conhecimento no que se refere à ligação entre as terminologias NANDA-I-NOC-NIC, vislumbrando um atendimento personalizado e sistematizado, além de disponibilizar aos enfermeiros informações relevantes para a construção e implementação de protocolos específicos voltados para esta clientela na rede pública de saúde.