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Revista Cubana de Plantas Medicinales

versión On-line ISSN 1028-4796

Rev Cubana Plant Med vol.18 no.1 Ciudad de la Habana ene.-mar. 2013

 

ARTÍCULO ORIGINAL

 

Aspectos etnobotânicos, fitoquímicos e farmacológicos de espécies de Rubiaceae no Brasil

 

Ethnobotanical, phytochemical and pharmacological aspects Rubiaceae species in Brazil

 

Aspectos etnobotánicos, fitoquímicos y farmacológicos de especies de Rubiaceae en Brasil

 

 

MSc. Renata Kelly Dias Souza, MSc. Ana Cleide Alcantara Morais Mendonça, Dra. Maria Arlene Pessoa da Silva

Universidade Regional do Cariri. Crato, CE, Brasil.

 

 


RESUMO

Introdução: no Brasil, é crescente o estudo das plantas medicinais em resposta a tendência mundial de preservação da biodiversidade, pautada na ideia de desenvolvimento sustentável.
Objetivo:
o trabalho visou o registro e resgate de informações etnobotânicas, farmacológicas e fitoquímicas de espécies da família Rubiaceae.
Métodos:
o compilamento bibliográfico contemplou publicações contemplando o uso, fitoquímica e farmacologia de espécies de Rubiaceae no Brasil.
Resultados:
foram compiladas um total de 104 espécies alocadas em 43 gêneros, sendo a maioria utilizadas como medicinal. Registrou-se uma gama diferenciada de alcalóides, flavonóides, iridóides e terpenóides e atividades farmacológicas anti-sifilíticas, antiasmática, antianêmica, antiangiogênica, antiinflamatória, antitumoral e antioxidante.
Conclusão:
há uma carência de estudos etnobotânicos específicos para a família Rubiaceae havendo uma prevalência de estudos químicos e farmacológicos nas regiões Sudeste e Sul do país.

Palavras-chaves: etnobotânica, usos, farmacologia, fitoquímica, Rubiaceae, Brasil.


ABSTRACT

Introduction: in Brazil, there has been growing interest in the study of medicinal plants in response to recent global trend of concern for biodiversity, based on the idea of sustainable development.
Objective:
to register and to rescue ethnobotanical, pharmacological and phytochemical species of Rubiaceae family.
Methods:
the compiled literature covered publications that addressed the use, phytochemistry, and pharmacology of Rubiaceae species in Brazil.
Results:
a total number of 104 species distributed into 43 genera, mostly used as medicines, has been compiled. A varied range of alkaloids, flavonoids, terpenoids and iridoids, as well as various pharmacological anti-syphilitic, antiasthma, antianemic, antiangiogenic, antiinflammatory, antitumor, and antioxidant properties were registered.
Conclusions:
there is a lack of specific ethnobotanical studies on the Rubiaceae family and there is a prevalence of chemical and pharmacological studies in the Southeast and the Southern regions of the country.

Key words: ethnobotanical, uses, pharmacology, phytochemistry, Rubiaceae, Brazil.


RESUMEN

Introducción: en Brasil, es cada vez mayor el estudio de plantas medicinales en respuesta a la tendencia mundial de conservación de la biodiversidad, basada en la idea del desarrollo sostenible.
Objetivo:
registrar y rescatar informaciones etnobotánicas, farmacológicas y fitoquímicas de especies de la familia Rubiaceae.
Métodos:
la compilación bibliográfica incluye publicaciones teniendo en cuenta el uso, la fitoquímica y la farmacología de especies de Rubiaceae en Brasil.
Resultados:
se han recopilado un total de 104 especies distribuidas en 43 géneros, la mayoría utilizada principalmente como medicina. Se registró un gran número de alcaloides, flavonoides, iridoides y terpenoides, y actividades farmacológicas contra la sífilis, el asma, antianémico, antiangiogénico, antiinflamatorio, antitumoral y antioxidante.
Conclusión:
hay una carencia de estudios etnobotánicos específicos para la familia Rubiaceae que tiene una prevalencia de estudios químicos y farmacológicos en el sudeste y sur del país.

Palabras clave: etnobotánica, usos, farmacología, fitoquímica, Rubiaceae, Brasil.


 

 

INTRODUÇÃO

A maioria dos povos ou etnias globais usam plantas medicinais ou seus derivados, no tratamento dos males que afetam a saúde. Nos países em desenvolvimento, é uma prática comum com um contingente de 80 % da população dependente da medicina popular.1

O conhecimento tradicional dos recursos biológicos configura-se culturalmente importante uma vez que subsidia a sustentabilidade dos mesmos. Nesse sentido, percebe-se uma intensificação de estudos etnobiológicos, sendo a etnobotânica, a ciência que mais progrediu na análise do saber local.2

O saber tradicional, construído a partir das experiências e interações das populações locais ou indígenas com o ambiente, é passível às mudanças em resposta a inovações, experimentações e pressões ambientais externas,3 podendo desaparecer com o tempo, sendo assim, as populações locais atuam como um elo de união entre o saber científico e o saber tradicional, visando o registro desse conhecimento e contribuindo com o planejamento de estratégias de desenvolvimento e conservação.4

No Brasil, tem crescido o interesse pelo estudo das plantas medicinais em resposta a recente tendência mundial de preocupação com a biodiversidade, pautada na ideia de desenvolvimento sustentável.5 É comum, no comércio brasileiro a venda de uma quantidade expressiva de espécies vegetais que se destinam ao tratamento de diversas enfermidades, e, recentemente aparecem como componentes de muitos produtos industrializados, comercializados como drogas vegetais e/ou fitoterápicos.1

O uso de plantas medicinais e da fitoterapia, encontram-se em ascensão mundial e endossam um mercado promissor,6 com cerca de 50 % de plantas utilizadas na alimentação, 25 % na indústria cosmética, 20 % na indústria farmacêutica e 5 % em outras atividades, estimando-se em 10.000 o número de espécies vegetais medicinais.1

As pessoas se utilizam de uma diversidade de espécies vegetais procedentes de vários sítios ecológicos naturais ou antropizados, no entanto, sabe-se que a maioria das plantas medicinais nativas são adquiridas em áreas silvestres e, que as mesmas, estão sujeitas a ameaças que podem levá-las à extinção, isso por que nem todas as pessoas envolvidas no processo de aquisição desses recursos, conhecem ou estão comprometidas com formas adequadas de sua obtenção,4 nestas circunstâncias estudos que fomentem informações acerca dessas espécies tornam-se relevantes.

A família Rubiaceae é a maior da ordem Gentianales, com cerca de 650 gêneros e 13 000 espécies7 que corresponde a 66 % do total das Gentianales.8 Estudos filogenéticos mais recentes propõem a divisão de Rubiaceae em três subfamílias: Rubioideae, Cinchonoideae e Ixoroideae.9,10

Diversas espécies de Rubiaceae detém importância econômica, sendo utilizadas como alimentícias, ornamentais, na indústria farmacêutica, como medicinais e/ou tóxicas.11

No intuito de amenizar a escassez de estudos relativos à etnobotânica de espécies de Rubiaceae, objetivou-se registrar, e reaver informações etnobotânicas, assim como farmacológicas e fitoquímicas, quando existentes, através de referencial bibliográfico para o país de Rubiaceae, uma vez que, a abordagem etnomedicinal e farmacológica para a família revela que diversas propriedades têm sido evidenciadas para algumas espécies e, apesar de comprovações acerca de suas variadas propriedades químicas e farmacológicas, é negligenciada em estudos etnobotânicos específicos

 

MÉTODOS

O compilamento bibliográfico contemplou publicações abrangendo o uso, fitoquímica e farmacologia de espécies de Rubiaceae no Brasil. As ferramentas de busca utilizadas foram: Googleacademico (http://www.googleacademico.com), Scopus (http://www.scopus.com), ScienceDirect (http://www.sciencedirect), Scirus (http://www.scirus.com), Webscience (http://www.webscience.org). Além de revistas especializadas como Journal of Ethnofarmacology, Revista Brasileira de Farmacognosia, e Química Nova, utilizando-se como indexadoras as palavras: plantas medicinais, etnobotânica, Rubiaceae, fitoquímca, farmacologia e prospecção fitoquímica e suas correspondentes em inglês. As pesquisas compiladas foram desenvolvidas no período compreendido entre 1991 a 2010.

Para revisão dos nomes científicos, sinonímias e hábitos das espécies foram consultados o Angiosperm Phylogen Group (APG III), Missouri Botanical Garden (Mobot), Lista de Espécies da Flora do Brasil e The International Plants Names Index (IPNI).

 

RESULTADOS

A bibliografia consultada revelou um total de 102 estudos etnobotânicos (80,9 %), 20 estudos fitoquímicos (15,87 %) e oito estudos farmacológicos (6,34 %) perfazendo um total de 126 trabalhos, observando-se uma maior concentração dos mesmos, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Nesse estudo foi inventariado um total de 103 espécies alocadas em 43 gêneros cujos nomes populares, usos, hábitos, indicações, fitoquímica e farmacologia estão explicitados na tabela.

 

Tabela. Partes utilizadas para 36 espécies de Rubiaceae

Espécie/vernáculo

Parte
utilizada

Uso

Indicação

Hábito

Fitoquímica

Farmacologia

Alibertia verrucosa S. Moore
marmelada-de-espinho

fruto

alimentícia

arbusto

Amaioua guianensis Aublet
marmelada, angélica-brava

raízes

medicinal, construção

constipação, espasmo menstrual e verminoses; subsistência

arbóreo

alcalóides
ciclopeptídeos, atividade moluscida, antioxidante, cumarina: escoparona, triterpenopentacíclico, állcool manitol, beta metil-glicose, ácidos clorogênicos, proatocianidinas, esteróides:beta-sitosterol, estgmasterol

Augusta longifolia (Spreng.) Rehder

flavonóides, cumarinas e triterpenos

Bathysa cuspidata (St. Hil.) Hook. f. ex K. Schum.
quina-do-mato

casca

medicinal

febre, tônico, eupéptico substituto da quina contra malária

Borreria cf. galianthes (Aubl.) Schum.

raíz

medicinal

desinteria

herbáceo

antidessentérica

Borreria latifolia (Aubl.) Schum. poaia-do-campo

medicinal

expectorante e vomitativa

herbáceo

Borreria verticillata (L.) G. Meyer
vassourinha-de-botão

folha,  raíz

medicinal

cólica menstrual, tosse, hemorróida, vermes, corrimento vaginal, impotência, mágico-religiosa, coceira, lesões de pele

herbáceo

Canthium sp.

contra S. aureus, B. subtilis e Mycobacterphlei

Chimarrhis turbinata DC.

alcalóides indólicos monoterpênicos

China sp.
quina

medicinal

gastrite, depurativo, casca

arbóreo

Chiococca alba (L.) Hitchc.
cipó-cruz, caninana, cainco

raíz, casca da raíz

medicinal

auxilia crianças a andar, doenças venéreas, indigestão, reumatismo, diurético, purgativo, hidragoga, emenagoga, febrífuga,  mordedura de cobra, cicatrizante, abortivo, leucorréia, micoses e linfantismo

glicosídeos cardiotônicos, saponinas, taninos, flavanóides, alcaloides e um triterpeno, alcalóides, iridóides e ácidos fenólicos, antraquinonas, fenilpropanóides e ácido ursólico

antiasmática, anti-hidrópica, analgésico

Chiococca brachiata Ruiz & Pav.
cainca, raíz preta

raíz

medicinal

emética, diurética

Chomelia obtusa Cham. & Schltdl.

1-O-metil-inositol (bornesitol), 3,5- e 4,5-O-dicafeoilquínico, cafeoíla, olefínicos, glicosilados do ácido quinóvico e de ácidos clorogênicos

Cinchona calisaya Wedd.
quina-quina, quina-verdadeira

casca

medicinal

debilidade física, anemia, estimulante do apetite, distúrbios gastrointestinais, febres malária e fadiga geral

arvoreta

quinino e quinidina

antiarrítmico, doenças infecciosas e parasitárias

Coffea arabica L.
café

semente
 e folha

medicinal, alimentícia

má circulação, estimulante, tónico, relaxante, alimentícia, abortivo, vertigem, doenças do aparelho respiratório

arbusto

cafeína, teofilina e teobromina

Coffea canephora Pierre ex. Frehn

folhas

acaricida

Coffea liberica W. Bull ex Hiern

folhas

acaricida

Coffea racemosaLour

folhas

acaricida

Coffea salvatrix Sw. & Philipso

folhas

acaricida

Coffea stenophylla G. Don.

folhas

acaricida

Cordiera concolor (Cham.) Kuntze
Marmelada

caule

madeireira

arbóreo

Cordiera edulis (Rich.) Kuntze
marmelada-de-bola

medicinal

arbusto

Cordiera myrciifolia (K. Schum.) C.H.Perss. & Delprete
batinga

corimbosina, letedocina, apometzgerina, acacetina, apigenina

Cordierabrigida K. Schum.
bola

medicinal

arbóreo

Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze
marmelada-de-campo

folhas e ramos

medicinal

afecções da pele

Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg.
olho-de-pomba

medicinal

arbóreo

Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum.
quina-quina, quina-brava, quina-do-pernambuco

folha, casca

medicinal, ornamental

bronquite, tosse,febre, seborréia, caspa, diabetes, inflamação em geral, influenza malária, hepatite, afinar o sangue e sinusite, febre dor de cabeça, fraqueza, estômago, malária, febres intermitentes, paludismo, feridas e inflamações, cálculos biliares e dores de vesícula

arbóreo

vitaminas, flavonóides, cumarinas

Deianirae rubescens Cham. & Schltdl.

flavonóides e taninos

Diodella radula (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete
erva-de-lagarto

medicinal

Duroia hirsuta (Poepp.) K. Schum.

flavonóide: metoxiflavona, hiridóide: duroína

Duroia saccifera (Schult. & Schult.f.) K.Schum.

triterpenóides alcalóides, esteróides, fenóis simples, flavanonas e flavanonóis

Emmeorhiza umbellata (Spreng) K. Schum. vassourinha-de-botão

flor
e fruto

medicinal

febre, intoxicação alimentar e digestão

herbáceo

Faramea cyanea Müll.Arg. cafezeiro,
salta- cavalo

caule

madeireira construção civil

arbóreo

Ferdinandusa sp.

triterpenóides alcalóides, esteróides, fenóis simples, flavanonas e flavanonóis

Genipa americana L.
jenipapo, jenipapinho, jenipaba

folhas, cascas e fruto, raízes

medicinal, construção, marcenaria, alimentícia, oleaginosa, tinturaria, ornamental, madeireira, apícola e forrageira

tosse, anemia, contusões, luxações; depurativo, catártica, faringites; purgativas,febrifuga, afrodisíaco, tônico, diurético, afecções do baço, fígado, icterícia, ferimentos, curar a ruptura do umbigo dos recém-nascidos, construção civil, carpintaria

arbóreo

iridóide, taninos, ácido geniposídico, geniposídeo, gardenosídeo, genipina-gentiobiosídeo, genipacetal, genipaol, iridóides: genipina, gardendiol

antiulcerogênica, antidiarréica, antigonorréica, anti-sifilíticas, antiasmático, antianêmico, antiangiogênica, antiinflamatória e antioxidante

Gonzalagunia rosea Standl

apresentaram atividade moderada contra Candida albicans e forte contra Fusariumsolani

Guettarda angelica Mull. Arg.
angélica-brava, angélica-do-mato

raíz

medicinal

cólica menstrual, constipação, febre

arbóreo

Guettarda platypoda D.C.
angélica-brava, angélica-do-mato

raíz

medicinal

febre, cólica menstrual

arbusto

iridóides, triterpenos, glocosídios

Guettarda rhabdocalyx Müll. Arg.
angélica-brava

raíz

Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl.
canjica, jenipapo-bravo

caule

madeireira

construção de casas

arbóreo

Hamelia patens Jacq.
falsa-erva-de-rato; amélia

planta inteira, folha, flor

ornamental, medicinal

brotoejas, acnes, queimaduras, coceiras, cortes, micoses, picadas de insetos, problemas menstruais, dores de parto

arbóreo

flavonóides e alcaloides oxindólicos

anti-inflamatório, antirreumático e antitérmico

Ixora finlaysoniana Wall.
ixora-branca

planta inteira

ornamental

arbusto

Ixora macrothyrsaTeijsm. et. Binn.
ixora-rei

planta inteira

ornamental

arbusto

Ixora undulata Roxb.
ixora-rosa

planta inteira

ornamental

arbusto

Ixora chinensis Lam.
ixora-chinesa

planta inteira

ornamental

arbusto

Ixorea coccínea L.
flor-vermelha

planta inteira

ornamental

subarbusto

Ixorea coccinea L. var. compacta Hort.
Ixora-compacta;
ixora-japonesa-compacta

planta inteira

ornamental

arbusto

Mitracarpus frigidus  (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum.

medicinal

alcalóides, esteróides, saponinas, abtraquinonas, leucoantocianidinas, taninos, catequinas, flavonóides

antimicrobiana citotóxica, antioxidante e leishmanicida

Morinda citrifolia L.
noni

fruto, exsudado do caule, folhas

tingimento de tecidos; medicinal, alimentícia

alergia, artrite, asma, infecções bacterianas,  câncer, diabetes, hipertensão, distúrbios menstruais, musculares, obesidade, úlceras gástricas, dores de cabeça, inibição sexual, insônia, depressão, estresse, problemas respiratórios

atividade anti-inflamatória, antiviral, antibacteriana, antitumoral, analgésica, imunomoduladora, anti-angiogênica e antioxidante

Mussaenda alicia Hort.
mussenda-rosa, samumenha

planta inteira

ornamental

arbusto

Mussaenda erythrophylla Sch. et Thon.
mussaenda-vermelha

Planta
inteira

ornamental

arbusto

Mussaenda frondosa L.
mussaenda-frondosa

Planta inteira

ornamental

arbusto

Mussaenda incana Wall.
mussaenda-amarela

Planta inteira

ornamental

arbusto

Mussaenda philippica A. Rich.
mussaenda-branca

planta inteira

ornamental

arbusto

Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum.
douradinha

medicinal

obesidade, rins, calmante, subsistência

Palicourea corymbifera (Müll. Arg.) Standl.

leucoantocianidinas alcalóides, esteróides, fenóis simples, flavanonas e flavanonóis

Palicourea crocea (Sw.) Roem & Schult.
erva-de-rato

folhas

veneno

rato

Palicourea longiflora DC.

contra Bacillus sp., B. subtilis, Staphylococcus aureus e Escherichia coli

Palicourea marcgravii St. Hil
palma

frutos e folhas

veneno

triturados com azeite para envenenamento de ratos

saponina ácida e ácido monofluoracético

Palicourea rigida H. B. K.
douradão, gritadeira

raíz, casca e folhas

medicinal

depurativo, doenças renais, inflamações do aparelho, feminino, hepatite, malária

arbusto

iridóides

Pentas lanceolata Schum.
show-de-estrelas, pentas, estrela do egito

planta inteira

ornamental

herbáceo

Posoqueira acutifolia Mart.

antimicrobiano, cicatrizante e anti-inflamatório

Posoqueria bahiensis L. Macias & L.S. Kinoshita

alimentícia

Posoqueria longiflora Aubl.

alimentícia

Posoqueria macropus Mart.

alimentícia

Psychotria brachyceras Müll. Arg.

brachycerina

Psychotria bracteocardia (DC.)
mata-rato

entrecasca

veneno

matar rato

Psychotria carthagenensis Jacq.
orelha-de-onça

folhas

rituais religiosos

ayahuasca

arbusto

antifúngica, antibacteriana

Psychotria coccinea Poit. ex. DC
roxinha

toda a planta

medicinal

inchações, dores no fígado e nos rins

arbusto

Psychotria colorata (Willd. ex R. & S.) Müll. Arg.
maria-da-mata

folhas

medicinal

combate a dor

arbusto

Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes
ipecacoanha, pepaconha

raízes e rizomas

medicinal

malária, doenças respiratórias, gastrite, disenteria, verme, câncer, dentição, vomitivo

herbáceo

emetina, cefelina, psicotrina

anti-inflamatório

Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl.

N-β-d- glucopiranosilavincosamida e iridóidesasperulosídeo e acetilasperulosídeo

Psychotria microlabrasta L. (Sphalm)

atividade antimicrobiana

Psychotria myriantha Mull. Arg.

myrianthoisinas A e B, e ácido estrictosidínico

Psychotria nuda (Cham. & Schltdl.) Wawra

estrictosamida

Psychotria prunifolia (Kunth) Steyer

estrictosamina, prunifolina, prunifoliona, EPP26.2 e EPP28.1

atividade citotóxica  e antitumoral; razoável atividade antifúngica

Psychotria rigida H.B.K.
erva-de-rato

toda a planta

veneno

matar rato

herbáceo

Psychotria suterella Müll. Arg.

lialosídio e estrictosamida

Psychotria umbellata Thonn.

umbelatina e psicolatina-

atividade ansiolítica e anticonvulsivante

Psychotria viridis Ruiz et Pavon
chacrona

folha

rituais religiosos

cerimônias e ayahuasca

subarbusto

N,N-dimetiltriptamina

Randia formosa K. Schum.
estrela-de-norte, estrela-do-cerrado

planta inteira

ornamental

herbáceo

Randia nitida (Kunth) DC.
limãozinho-do-mato

caule

madeira

fabrico de carro-de-boi

arbóreo

Relbunium hirtum Schum
tomba-carro; vassourinha

ramos com folhas

Subsistência, medicinal

problemas no estômago, vassoura

herbáceo

Richardia grandiflora (Cham. & Schl.) Schult. & Schult
ipecacuanha-do-campo, ervanço

raíz

medicinal

bronquite, catarro, diarreia e dentição, vermicida

herbáceo

Richardia brasiliensis Gomes
poaia branca

raízes

medicinal

expectorante, emética, diaforética, vermífuga e para o tratamento de hemorróidas

herbáceo

heterosídeosantraquinônicos, esteróides e triterpenóides, flavonóides, saponinas, taninos, alcalóides, cumarinas e resinas

antimicrobiana (S. aureus, M. luteus, M. roseus, sporogenes,
B. cereus,
S. typhymurium, Salmonella
sp.
S. marcescens,
C. albicans
)

Rudgea viburnoides (Cham.) Benth.
congonha-do-bugre, cogonha

folha, raíz

medicinal

rins, regimes para emagrecimento; decocção, garrafada

arbusto

taninos, flavonóides, triterpenos e saponinas.

moderada atividade antifúngica diuréticas, hipotensoras, antirreumáticas e depurativas

Salzmannia nitida DC.
Schltdl.) K. Shum.
cainca-vermelha

medicinal

dor de dente

Serissa foetida Lam.
serissa

planta inteira

ornamental

arbusto

Simira sampaioana (Standl.) Steyer
maiate, arariba

caule

construção civil, madeireira

Simira sp.

tintorial, madeireiro, artesanal e ornamental

Spermacoce tenella  Kunth
cordão-de-frade

medicinal

herbáceo

Spermacocea verticillata L.
coroa-de-noiva, peito-de-moça

ramos

medicinal

dor de barriga; cólica menstrual, disenteria, abortivo

emplastro para queimaduras

herbáceo

borrerina, barrerina, iridóidesdafilosídico, esperulosídico e ácido asperulosídico

inibição de bactérias
gram-positivas e gram-negativas

Tocoyena brasiliensis Mart.
jenipapo-bravo

folha

medicinal, alimentícia

queimadura, reumatismo

Tocoyena bullata (Vell.) Mart.
araçarana

planta inteira

ornamental

arbusto

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum.
jenipapinho

entrecasca, folhas, flor e fruto

medicinal

tosse, torção, cistite, reumatismo, problemas renais, cardíacos, fígado, cistite

arbusto

Tocoyena guianensis K. Schum.
jenipapo-bravo

casca

medicianal

contusões, luxações

arbóreo

Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum.
jenipapo-do-mato

casca

medicianal

contusões, luxações

arbóreo

Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult) DC.
unha-de-gato

caule, folha, flor, raíz

medicinal

câncer, gastrite, reumatismo, afecções epidérmicas

herbáceo

alcaloides indólicos, triterpenos e diterpenos, alcaloides oxindólicos

Uncaria guianensis (Aubl.) J.F.Gmel.

alcaloides indólicos

 

Os estudos etnobotânicos compreenderam um número de 102 artigos e abrangem os diferenciados usos empregados para espécies da família Rubiaceae, tais como: medicinal (40 espécies), ornamental (39 espécies), alimentícia (19 espécies); madeireira (8 espécies); construção civil (6 espécies), acaricida (5 espécies), veneno (5 espécies); tinturas (4 espécies); rituais mágicos e/ou religiosos (3 espécies), forrageira (3 espécies); apícola e artesanal (1 espécie), não houve o relato de uso para 21 espécies. Para as espécies tidas como medicinais as partes utilizadas mais referidas foram: folhas (21), planta inteira (18), raiz/rizoma (16); casca (8), fruto (6); caule (6); flor (4); ramos/parte aérea (3); exsudado do caule (3); entrecasca (2) e semente (1), para 36 espécies não foram mencionadas as partes utilizadas (tabela).

 

DISCURSÃO

Apesar dos estudos etnobotânicos ter prevalecido em número, é válido ressaltar que nenhum é específico para Rubiaceae que sempre aparece como componente de estudos generalizados, sendo oportuno citar como estudo específico para uma dada espécie, o que avaliou os padrões de uso e conservação de Anadenathera columbrina (Vell.) Brenan., no agreste pernambucano.12

A Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica (ABIFITO) registra que dos 206 fitoterápicos reconhecidos no Brasil, 89 % são oriundos de plantas européias e das 300 espécies utilizadas popularmente no Brasil, apenas 10 % são nativas.13

Esses dados refletem a relevância da realização de estudos etnobotânicos, que entre outras finalidades, indicam espécies com as quais se podem prosseguir uma investigação ao longo da biologia molecular, propiciando o isolamento de constituintes que impulsionam pesquisas químicas e farmacológicas, que legitimam a existência de princípios ativos, como a emetina, extraída de Cephaelies ipecacuanha, largamente empregadas no tratamento de disenterias e antiemético.14

Em contrapartida, pesquisas farmacologicas e fitoquímicas são essências para comprovação científica do conhecimento popular ou tradicional, como podemos ver na avaliação da atividade antimalárica de espécies conhecidas popularmente por quina tais como: Deianirae rubescens, Strychnos pseudoquinae Remijia ferruginea comumente mencionadas para o tratamento de febre e malária, constatando que das três espécies somente, R. ferruginea, demonstrou efetiva atividade em relação ao parasita reduzindo sua incidência e até mesmo levando-o à morte.15

Estudos fitoquímicos foram realizados em 35 espécies de Rubiaceae, sendo Psychotria sp. o gênero mais estudado provavelmente por sua utilização na obtenção da ayahusca, bebida alucinógena utilizada em rituais religiosos.

A maioria das pesquisas fitoquímicas e farmacológicas realizadas no Brasil são pautadas no isolamento de substâncias ativas, com a intensificação das mesmas a partir da década de 80, quando novos métodos de isolamento foram desenvolvidos, possibilitando a identificação de diverssa substâncias em amostras complexas como os extratos vegetais, ressurgindo o interesse por compostos vegetais que pudessem ser utilizados como protótipos na descoberta de novos fármacos.16

Pautadas na fitoquímica através da utilização de marcadores quimiotaxonômicos tem sido propostos reposicionamento de espécies vegetais dentro das famílias e/ou subfamílias botânicas, uma vez que os mesmos auxiliam na identificação dos constituintes químicos isolados, possibilitando a identificação das espécies como mostrado em.17,18

As espécies da família Rubiaceae apresentam grande plasticidade quanto a sua composição química, apresentando uma variedade de compostos químicos como: flavonódies, iridóides, alcalóides, terpenos, demonstrados em diversos.18-22

Estudos farmacológicos são relatados para 14 espécies, destacando-se atividades anti-sifilíticas, antiasmática, antianêmica, antiangiogênica, antiinflamatória, antitumoral e antioxidante. Pouco é conhecido a respeito das substâncias químicas responsáveis pelas ações farmacológicas, pois o conhecimento acerca da maioria das espécies restringe-se a dados empíricos e etnofarmacológicos.23

Essa afirmativa exprime a importância da investigação farmacológica das espécies que são mencionadas como medicinais, uma vez que, a maioria das espécies vegetais utilizadas na medicina popular, não tem sua eficácia e toxicidade esclarecidas.

Foram inventariadas um total de 104 espécies distribuídas em 43 gêneros, classificadas em 13 categorias onde a medicinal sobressaiu-se com 40 espécies citadas.

Espécies da família Rubiaceae apresentam um expressivo número de constituintes químicos com o descobrimento de substâncias inéditas para a ciência e potencial atividade farmacológica, sugerindo-se uma maior realização de estudos para as mesmas.

Apesar da predominância em número dos trabalhos etnobotânicos, o presente estudo demonstra a carência deste tipo de pesquisa para Rubiaceae, uma vez que dos 102 artigos analisados nenhum se referia exclusivamente á família e/ou espécie.

Quanto aos estudos farmacológicos e fitoquímicos há uma maior concentração destes nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, os quais primam pelo isolamento dos constituintes químicos de espécies desta família.

 

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Recibido: 18 de noviembre de 2011.
Aprobado: 10 de octubre de 2012.

 

Renata Kelly Dias Souza. Universidade Regional do Cariri - URCA Rua Senador Pompeu, 52, Centro, CEP: 63100-000. Crato, CE, Brasil. E-mail: renatadiassouza@gmail.com

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