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Revista Cubana de Estomatología

versión impresa ISSN 0034-7507

Rev Cubana Estomatol vol.49 no.3 Ciudad de La Habana jul.-set. 2012

 

ARTÍCULO ORIGINAL

 

Caracterização da saúde bucal de idosos em uma instituição beneficente de longa permanência de João Pessoa-PB, Brasil

 

Caracterización de la salud bucal de ancianos residentes en una institución benéfica de João Pessoa-PB, Brasil

 

Characterization of the buccal health of elderly in an beneficent institution of the long stay of João Pessoa-PB, Brazil

 

 

Isabella Lima Arrais Ribeiro, Heloísa Helena Pinho Veloso, Keny Correia de Souza

Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.

 

 


RESUMO

Introdução: a população idosa está crescendo em números proporcionais se tornando necessário maior cuidado de sua saúde. O objetivo deste estudo foi descrever a situação epidemiológica do estado de saúde bucal dos idosos na cidade de João Pessoa - PB, Brasil.

Métodos: foram analisados 55 idosos em longa permanência na instituição da cidade de João Pessoa. Os idosos foram interrogados sobre o quotidiano e hábitos pessoais e logo foram validadas as condições bucais por um especialista. A avaliação insere a condição dos dentes e a necessidade e o uso da prótese dentária. Foram coletados os dados em um formulário e analisados no SPSS(Chis quadrado ou exato do Fisher).

Resultados: se verificou que 16 (29,0 %) das pessoas têm 60-70 anos e 39 (71,0 %) mais de 70 anos de idade. Estimativas do sexo evidenciaram que 43 (78,2 %) são mulheres e 12 (21,8 %) são homens. Os idosos reportaram ter marcado a última visita ao dentista ao menos um mês 2 (3,7 %), nos últimos 6 meses 4 (7,3 %) e mais de um ano 49 (89,0 %). A prevaência de edentulismo foi de 35 (63,6 %). Outros têm uma média de 6,1 dentes por indivíduo. O uso de prótese geral removível se observou em 40,0 % dos idosos e de prótese parcial removível em 9,1 %. Um total de 78 % dos idosos presissam de algum tipo de prótese dentária.

Conclusões: os idosos tratados ficam carentes de atenção odontológica, necessitando reabilitação protética.

Palavras chave: saúde bucal, Odontologia geriátrica, terceira idade.


RESUMEN

Introducción: la población de ancianos está creciendo en números proporcionales, por lo que es necesario mayor cuidado de su salud. El objetivo de este estudio fue describir la situación epidemiológica del estado de salud oral de los ancianos en la ciudad de João Pessoa - PB, Brasil.
Métodos: se analizaron un total de 55 ancianos en una larga estancia, en la institución de la ciudad de João Pessoa. Los ancianos fueron interrogados acerca de información personal, los hábitos personales y a continuación, se llevó a cabo la evaluación de condiciones bucales por un solo examinador. La evaluación incluyó la condición de los dientes y la necesidad y el uso de prótesis dental. Se recogieron los datos en un formulario y analizados en SPSS (Qui-cuadrado o exacto de Fisher).
Resultados: se verificó que 16 (29,0 %) de las personas tienen 60-70 años y 39 (71,0 %) más de 70 años de edad. En cuanto al sexo, se encontró que 43 (78,2 %) son mujeres y 12 (21,8 %) son hombres. Los acianos reportaron haber realizado la última visita al dentista al menos un mes 2 (3,7 %), en los últimos 6 meses 4 (7,3 %) y más de un año 49 (89,0 %). La prevalencia de edentulismo fue de 35 (63,6 %). Los demás tienen una media de 6,1 dientes por individuo. El uso de prótesis totales removibles se observó en el 40,0 % de los ancianos y de prótesis parciales removibles en 9,1 %. Un total de 78 % de los ancianos necesitan de algún tipo de prótesis dental.
Conclusiones: los ancianos evaluados están carentes de atención odontológica, por lo que necesitan de rehabilitación protética.

Palabras clave: salud bucal, Odontología geriátrica, tercera edad.


ABSTRACT

Introduction: The elderly population is increasing, so it is necessary to pay more attention to their health status. The objective of this study was to describe the epidemiologic situation of the oral health conditions of the older people in João Pessoa-PB, Brazil.
Methods: Fifty five aged persons, who were institutionalized in a long-care center in João Pessoa, were studied. They were inquired about personal data, habits, and then the oral conditions were assessed by a single examiner. The evaluation included the tooth conditions, the requirement and the use of dentures. Data were recorded in a form and analyzed by SPSS (Fisher's Chi-square or exact value).
Results: It was observed that 16 (29.0 %) of these people were aged 60-70 years and 39 (71.0 %) above 70 years. Regarding sex, 43 (78.2 %) were females and 12 (21.8 %) males. Two old people reported having gone to the dentist's at least one month ago (3.7 %); 4 (3.7 %), did it in the last 6 months and 49 (89.0 %) over one year ago. Thirty five were edentulous (63.6 %). The rest had 6.1 teeth per individual as average. The use of complete removable denture was seen in 40% of the elderly and of partial removable dentures in 9.1 %. A total of 78 % of the studied elderly needs some kind of denture.
Conclusions: The evaluated elderly are lacking odontological care, so they require denture rehabilitation.

Key words: oral health, geriatric odontology, older age.


 

 

INTRODUÇÃO

O Brasil, à semelhança dos diversos países do mundo, está envelhecendo rapidamente. A população idosa, considerada como indivíduos a partir dos 60 anos de idade, compõe hoje o segmento populacional que mais cresce em termos proporcionais. Segundo a última avaliação sobre a população idosa brasileira, a participação dos indivíduos com mais de 65 anos de idade avançou de 5,9 % em 2000 para 7,4 % em 2010 e estima-se que em 2050 a faixa etária idosa (acima de 60 anos) se iguale a faixa de jovens (15-24 anos) em 18% de representatividade cada.1

A recomendação da Federação Dentária Internacional (FDI)2 é que o estudo e a pesquisa das questões gerontológicas sejam aplicados aos cursos de graduação e pós-graduação em Odontologia, investindo em uma educação para a saúde através do conhecimento de fatores sociais e de risco.

A preocupação com os idosos reside no fato, entre outros, de que a capacidade mastigatória está intimamente ligada à condição nutricional e esta, à saúde geral dos indivíduos, o que repercute na sua qualidade de vida.3 No entanto, a saúde bucal, parte integrante e inseparável da saúde geral dos indivíduos é por demais esquecida diante de tantos outros problemas quando se discutem as condições de saúde da população idosa. Pode-se verificar que, diretamente relacionados à Odontologia, são poucos os estudos direcionados especificamente aos problemas bucais dos indivíduos idosos.

Pucca Jr.,4 concluiu que a perda total dos dentes na faixa etária idosa é aceita pela sociedade como algo normal e natural com o avanço da idade, o que não deve ser assim considerado. No âmbito do serviço público, os adultos são constantemente submetidos a práticas mutiladoras, o que repercute em idosos quase que completamente desdentados.

Para Souza e outros,5 os serviços de saúde devem e podem incluir a proteção à saúde bucal de idosos entre suas atividades normais. As ações educativas devem ser intensificadas, proporcionando orientações específicas, enfatizando a adoção de comportamentos compatíveis com uma boa saúde e estimulando que os idosos realizem o auto-exame bucal.

O autodiagnóstico e o autocuidado potencializam o desenvolvimento de ações de saúde junto à população idosa, pois as mutilações dentárias produzem incapacidades que nem sempre são percebidas como problemas funcionais relevantes.6

Levando-se em consideração os critérios acima descritos, este estudo foi conduzido em uma população de idosos para a qual não havia nenhum dado epidemiológico anterior no que diz respeito à saúde bucal, gerando informações que podem subsidiar o planejamento das ações em saúde bucal direcionadas a essa população, assim como permitir um melhor entendimento da ocorrência dos diversos problemas enfrentados nessa faixa etária tão pouco estudada no Brasil. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi descrever as condições de saúde bucal de idosos no município de João Pessoa - PB.

 

MÉTODOS

Esse trabalho tem a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba.

Realizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal na Instituição de Longa Permanência beneficente Vila Vicentina Júlia Freire, no município de João Pessoa-PB, onde foram avaliados 55 idosos. A amostra constitui-se de idosos selecionados aleatoriamente, levando-se em consideração os seguintes critérios de exclusão: Idade abaixo de 60 anos, ausência de condições físicas e de discernimento psicológico para responder a questionamentos subjetivos.

Aos responsáveis pelos idosos foram entregues termos de compromisso e de aceitação da pesquisa e aos idosos o mesmo termo foi lido em alto tom e entregue um termo de consentimento livre e esclarecido; assegurando a coleta dos dados e preservação da identidade dos mesmos diante dos achados, autorizando a publicação dos dados que não relacionassem as condições bucais com o portador das mesmas.

Os instrumentos de pesquisa utilizados foram: formulário contendo questões de interesse, onde os dados foram inseridos de forma a serem analisados pelo programa estatístico; espelho plano nº. 5 e sonda exploradora de extremo arredondado.

As variáveis avaliadas foram: sexo, cor de pele, escolaridade, tempo decorrido desde a última visita ao dentista, presença de elementos dentários na cavidade oral (elementos dentários presentes; hígidos ou não) e condições de saúde dos mesmos (presença de cárie e de restauração; indicação para exodontia por cárie ou por doença periodontal), uso/necessidade de uso de prótese dentária.

Os achados referentes a anormalidades na cavidade oral foram todos esclarecidos, como forma de prevenção, diante dos cuidadores e dos idosos e as questões que requeriam atendimento e intervenção em âmbito de consultório odontológico foram encaminhados às Clínicas de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.

Os dados foram registrados em um formulário. Para análise dos dados foram obtidas distribuições absolutas e percentuais e foram utilizados os testes Qui-quadrado de Pearson ou o exato de Fisher quando as condições para utilização do teste Qui-quadrado não foram verificadas. O nível de significância utilizado na decisão dos testes estatísticos foi de 5 %. Os dados foram digitados na planilha Excel e o software estatístico utilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão.

 

RESULTADOS

Os dados obtidos das avaliações realizadas através de entrevista e análise das condições de saúde orais foram distribuídos em gráficos e tabelas, de acordo com as variáveis observadas.

Os dados sociais mostraram que o sexo feminino é maioria dentre os idosos institucionalizados (78,2 %), e para ambos os grupos de faixas etárias. Foi verificado maioria de idosos de cor de pele parda (47,3 %), seguidos pela cor de pele branca (38,2 %). Quanto à escolaridade, os idosos mostraram-se dentro de baixos graus de educação, 41,8 % analfabetos, seguidos de 36,4 % com 1º grau incompleto. 10,9 % possuíam 1º grau de escolaridade completo. Somente 5,5 % estudou o 2º grau completo e 5,5 % possuíam formação superior (tabela 1).

A maioria dos idosos não recebia avaliação e tratamento odontológico há mais de 1 ano (89 %); seguidos de 7,3 % que havia recebido tratamento há 6 meses e 3,6 % que havia visitado o dentista há menos de um mês da coleta de dados (tabela 2).

Os elementos dentários encontrados na cavidade oral, hígidos ou não, foram distribuídos na tabela 3, de acordo com o grupo dentário. Notou-se predominância de permanência de elementos incisivos (40,16 %) e de caninos (27,04%).

Os elementos dentários encontrados (n=122) foram distribuídos (tabela 4), segundo as condições de saúde verificadas. Observou-se que, dentre todos, 6 (4,9 %) estavam cariados, mas possíveis de serem restaurados; 2 (1,6) estavam cariados de forma a haver indicação de exodontia, pelo comprometimento coronal e radicular, sem chances de reabilitação com tratamento restaurador; 1 (0,8 %) dente restaurado; 8 (6,5 %) indicados à extração pelas condições de comprometimento periodontal e 8 (6,5 %) restos radiculares visíveis ao exame clínico.

Foi verificado que nenhum dos idosos avaliados possuía todos os elementos dentários preservados, sendo verificado que 36,40% dos idosos estava na condição de edentulismo parcial e 63,60 % na condição de total ausência de elementos dentários (tabela 5).

Com relação à avaliação quanto ao uso/necessidade de prótese dentária, encontrou-se que 40 % dos idosos faziam uso de próteses totais removíveis, sendo que 9 (42,9 %) idosos faziam uso de superiores e 13 (57,1 %) faziam uso em ambos os arcos. O uso de prótese parcial removível foi verificado em apenas 2 (9,1 %) idosos, sendo que 1 desses a utilizava no arco superior e o outro em ambos os arcos. Dentre os que necessitavam de uso de prótese em apenas um dos arcos ou em ambos, foram contabilizados 39 (78 %) idosos. A maior necessidade de uso é para ambos os arcos dentários (60 %) seguido do arco inferior (12,8 %) (tabela 5).

Tabela 5. Distribuição dos idosos segundo edentulismo, uso e a necessidade de próteses dentárias,
segundo o arco dental avaliado

                         Variável

No.

%

Edentulismo total

34

63,60

Edentulismo parcial

21

36,40

Uso de prótese total removível

22

40,0

Total

55

100,0

Local da prótese total removível

-

-

Superior

9

42,9

Inferior

-

-

Ambos

13

57,1

Total

22

100,0

Prótese parcial removível

2

9,1

Total

22

100,0

Local da prótese parcial removível

-

-

Superior

-

-

Inferior

1

50,0

Ambos

1

50,0

Total

2

100,0

Necessidade de uso de prótese

39

78,0

Total

50

100,0

Local que necessita da prótese

-

-

Superior

1

2,6

Inferior

5

12,8

Ambos

33

60,0

Total

39

100,0

 

DISCUSSÃO

A expectativa de vida está aumentando em países emergentes como o Brasil; com isso, o enquadramento da população tende a mudar, sendo considerados idosos atualmente as pessoas com idade a partir dos 60 anos. Esse estudo mostrou que os números são maiores para os idosos em idade acima dos 70 anos, o que confirma o aumento da expectativa de vida divulgado pelos órgãos de pesquisa.1-7

O estudo revelou que a maioria dos idosos encontrados na instituição de longa permanência onde se realizou esse estudo é do sexo feminino (78,2 %). Em números proporcionais a população idosa tende a aumentar e a divisão feminina desse segmento populacional tenderá, segundo estimativas a continuar ultrapassando o crescimento no sexo masculino.1 No entanto, sabe-se que a população feminina supera a masculina e então é de se esperar uma maior procura por casas de longa permanência da população predominante.

Foi observado que a maioria dos idosos possui cor de pele parda (47,3 %), seguidos da cor branca (38,2 %) e negra (14,5 %). Pena e outros,8 em seu estudo sobre o "Retrato molecular do Brasil", revelou que, entre outros aspectos, uma amostra de indivíduos autoclassificados como brancos, apresentava uma maior freqüência de marcadores genéticos de origem africana e/ou ameríndia que de origem européia.9 Por esse motivo, nesse trabalho preferiu-se optar pelo termo cor da pele ao invés de raça, já que se sabe que o Brasil hoje é de uma descendência multirracial e a classificação por raça, mesmo que pautada em características específicas de cada raça, foge à classificação real quando é avaliado o conjunto de genes de cada indivíduo.

Os dados referentes aos níveis de escolaridade revelam um histórico do passado da população anciã atualmente residente na capital paraibana. A maioria dessa população não conseguiu ter acesso à educação básica, e os que o tiveram, não conseguiram completar os diferentes graus de escolaridade. Segundo Silvestre,10 em 1930, dois terços da população brasileira vivia na zona rural. Entretanto, hoje, mais de três quartos vivem na zona urbana. No estudo de Carvalho,11 51,6 % dos idosos relataram ter procedência rural. Colussi e outros12 encontrou um baixo grau de escolaridade entre idosos de forma que 87,4% dos idosos completaram até 4 anos de estudo e 26,7 % não completaram nem 1 ano de estudo, ou seja, eram analfabetos.

A falta de cuidados para a manutenção da saúde bucal é ainda percebida, diante de dados que comprovam que, a grande maioria da população não teve acesso ou não procurou o dentista no último ano. Colussi e outros 12 em seu estudo verificou que quando questionados sobre sua última visita ao dentista, 21,3 % dos idosos responderam que estiveram no dentista há menos de 1 ano, 16,2 % de 1 a 5 anos, 10,1 % de 6 a 10 anos, 12,3 % de 11 a 20 anos, e 31,4 % há mais de 20 anos. Cavalcante14 concluiu, através de depoimentos dos entrevistados, que a grande maioria dos idosos procuravam o profissional quando sentiam dor e ou para extrair os elementos dentários refletindo, assim, um modelo assistencial mutilador e pouco preocupado com a prevenção das doenças bucais.

Foi verificado nesse estudo, através do exame clínico, que 63,6% dos idosos são totalmente edêntulos e que os demais apresentam uma média de 6,1 dentes por idoso. No passado, a perda dentária era considerada inevitável, fazendo parte do processo normal do envelhecimento. No Brasil, o último levantamento epidemiológico mostra que os brasileiros na faixa etária de 65 a 74 anos já perderam 93 % dos seus dentes.15 Esse estudo revela a falta de cuidados a que foi submetida essa população ao longo de sua vida, com 58 % dos idosos totalmente edêntulos. Estudos em odontogeriatria possuem uma média de representação de 92,4 % para o componente extraído.13,16,17 A conseqüência dessa prática revela nesses 63,6 % dos idosos totalmente edêntulos.13,16 Carvalho11 revelou uma prevalência de edentulismo em 45,3 % dos idosos avaliados, havendo uma associação estatisticamente significante do edentulismo com a procedência rural e com o analfabetismo.

Os elementos dentários do grupo dos incisivos e caninos foram os que predominaram entre os elementos preservados, com 40,16 % e 27,04 %, respectivamente. Para os elementos caninos, a preservação pode estar relacionada ao comprimento radicular de tais elementos, que é o maior dentre os elementos da arcada.18 Em função do desse fator, a perda dentária por motivos periodontais que acarretem a perda de inserção pode ser retardada em tais elementos, fazendo com que a permanência seja prolongada.

Nesse estudo o uso de próteses totais removíveis foi verificado em 40,0 % dos idosos e de próteses parciais removíveis em 9,1 %, sendo essas próteses com uso médio de 20 anos, o que corrobora com estudo realizado por Cardoso e outros 19 as condições de saúde bucal de idosos em Manaus-AM caracterizam-se por elevada perda dentária e alta taxa de uso e necessidade de próteses totais.

A necessidade de uso de prótese dentária é verificada na maioria dos idosos pesquisados com 39 (78,0 %) necessitando de algum tipo de elemento protético para o restabelecimento das funções mastigatórias e demais funções desempenhadas pelo aparelho estomatognático. Da mesma forma Colussi e outros12 verificou a mesma necessidade em números de 63,9 % no arco superior e 79,8 % no arco inferior, sendo que as próteses em uso apresentavam em geral péssimas condições, necessitando de reparos ou substituições. A necessidade de próteses torna a qualidade de vida ainda menor, diante da dificuldade em alimentar-se, já que não são todos os alimentos que podem ser consumidos, havendo uma grande restrição dietética e desconfortos quando da mastigação e deglutição dos alimentos.

A Organização Mundial de Saúde20 recomenda que os países adotem estratégias para melhorar a saúde oral dos idosos, devendo as autoridades nacionais desenvolverem políticas e definir metas e objetivos mensuráveis para esta área. Os programas nacionais de Saúde Pública deverão incorporar a promoção da saúde oral e a prevenção de doenças e devem ser baseados nos fatores comuns de risco.21

Diante do que foi observado, pôde-se concluir que os idosos avaliados apresentaram-se com grande índice de edentulismo, bem como problemas bucais, no entanto, encontravam-se carentes de atenção odontológica; há necessidade de cuidados para manutenção da saúde oral e de reabilitação protética, a fim de possibilitar aos idosos da instituição melhor qualidade de vida.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diminui a proporção de jovens e aumenta a de idosos. 2011. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1866&id_pagina=1> .

2. Federation Dentaire Internationale (FDI). FDI President-Elect calls for oral health to be included in education on NCDs. International Dental Journal. 2011. Disponível em: < http://www.fdiworldental.org/archives> .

3. Brunetti RF, Montenegro FLB, Maneta CE. Interações entre a medicina e a Odontologia. In: Brunetti RF, Montenegro FLB. Odontogeriatria: Noções de Clínico. São Paulo: Artes Médicas, 2002;p. 101-103.

4. Pucca Júnior GA. A saúde bucal do idoso, aspectos demográficos e epidemiológicos. 2000. Disponível em: URL: http://odontologia.com.br/artigos/saude-bucal-idoso.html. Acesso em: 22/12/2011.

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7. Paraíba. Governo do Estado da Paraíba. Secretaria de Saúde. Censo do IBGE revela crescimento de idosos. 2010. Disponível em: < http://portal.paraiba.pb.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3745&Itemid=2. Acesso em: 22/12/2011.

8. Pena SDJ. "Retrato molecular do Brasil". Ciência Hoje 2000;159:16-25.

9. Santos RV, Maio MC. Qual "retrato do Brasil"? Raça, biologia, identidades e política na era da genômica. Mana 2004;10(1): 61-95.

10. Silvestre JA. O envelhecimento populacional brasileiro e o setor de saúde. Arch. Geriatr. Gerontológico 1996;1:81-9.

11. Carvalho IMM. Avaliação sócio-odontológica de 300 pessoas idosas de Bauru - SP. Tese apresentada à faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de doutor em Estomatologia. Bauru 2000.173p.

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17. Meneguim MC, Saliba NA. Condições de saúde bucal da população idosa de Piracicaba - SP. RPG 2000;7:7-13.

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21. Petersen PE, Yamamoto T. Improving the oral health of older people: the approach of the WHO Global Oral Health Programme. Community Dent Oral Epidemiol. 2005;33(2):81-92.

 

 

Recibido: 5 de julio de 2012.
Aprobado: 30 de julio de 2012.

 

 

Máster. Isabella Lima Arrais Ribeiro. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Correo electrónico: isabella_arrais@yahoo.com.br