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Universidad de La Habana

versión On-line ISSN 0253-9276

UH  no.296 La Habana ene.-abr. 2023  Epub 01-Abr-2023

 

Sapientia Artigo original

De Belem1 à Real Força2 apontamentos sobre a emigração portuguesa em Cuba

Desde Belem hasta la Real Fuerza: apuntes sobre la emigración portuguesa en Cuba

0000-0001-9797-0529Ángel Pérez Ruiz1  * 

1Universidad de La Habana, Facultad de Lenguas Extranjeras. La Habana, Cuba.

RESUMEN

Após a chegada do Almirante Cristóvão Colombo a Cuba em 1492, começaram a arribar às terras crioulas emigrações portuguesas misturadas com os colonizadores espanhóis, e no decurso de mais de quatro séculos, inseriram-se totalmente na nação caribenha, razão pela qual resultou interessante encontrar seu sinal de forma diferenciada. A pesquisa transita por vidas e obras de lusitanos que atravessaram o oceano e que em muitos casos se instalaram definitivamente no país caribenho. Suas estadias originam relatos e histórias em sua maioria pouco difundidas até altura, que não deixarão de despertar a curiosidade e surpreender ao leitor.

Palavras-Chave: portugueses; colonos; culturas

ABSTRACT

Tras la llegada del Almirante Colón a Cuba en 1492, comenzaron a arribar a tierras criollas emigrantes portugueses mezclados con los colonizadores españoles, y en el transcurso de más de cuatro siglos, se insertaron totalmente en la nación caribeña, razón por la cual ha resultado interesante encontrar su huella de forma diferenciada. La investigación transita por vidas y obras de lusitanos que atravesaron el océano y que en muchos casos se instalaron definitivamente en el país caribeño. Sus estancias originan relatos e historias en su mayoría poco difundidas hasta la actualidad, que no dejarán de despertar la curiosidad y sorprender al lector.

Palabras-clave: portugueses; colonos; culturas

Introdução

As naus «La Pinta», «La Niña» e «Santa María» chegaram às costas cubanas em 27 de outubro de 1492 arvorando a bandeira dos Reis de Espanha, sob o comando do almirante Cristóvão Colombo, quem declarou essa terra «a mais formosa que olhos humanos têm visto».

Precisamente a nacionalidade do navegador ainda hoje é discutida, pois talvez tenha sido ele o primeiro português em solo cubano. Onde terá realmente nascido?

No já distante século XV eram imprecisos os laudos de nascimento e decorria muito tempo entre os acontecimentos naturais e os assentos desses eventos. A pequena vila chamada Cuba, em pleno coração do Alentejo português, com cerca de cinco mil habitantes, não escapava a esta ocorrência. Ali, em outubro de 2016, precisamente 524 anos depois de Colombo ter descoberto o arquipélago que mais tarde teria o nome daquele povoado luso, os cubenses inauguraram curiosamente o primeiro monumento dedicado ao descobridor, em solo lusitano.

Na praça Cristovão Colombo, implantada na vila de Cuba, em Portugal, há uma estátua de 2,5 metros de altura, com uma tonelada e meia de bronze fundida em Madrid, peça que repousa sobre um pedestal de sete toneladas e meia de granito erigida em homenagem ao almirante, situada em frente ao Palácio do Duque de Beja, de quem era filho ilegítimo «o menino Cristóvão», segundo alguns defensores da cidadania portuguesa de quem foi posteriormente Almirante. Naquele povoado ainda há quem recorde como o padre Godinho, na primeira metade do século xx, relatava às crianças que Cristóvão Colombo tinha sido baptizado na igreja e na pia da paróquia local.

No livro «Cristóvão Colombo, agente secreto do rei Dom João II», publicado em Portugal, no ano de 1988, seu autor Mascarenhas Barreto assegura existirem inúmeros indícios para afirmar que Colombo era português. Também o renomeado investigador luso-americano Manuel Luciano da Silva (1926-2012), corrobora essa hipótese no seu livro «Cristóvão Colombo era português», e Manuela Mendonça de Matos (2019), presidenta da Academia Portuguesa de História, reafirmou-o no Palácio do Segundo Cabo de La Habana durante uma conferência magistral proferida diante de especialistas e historiadores cubanos, em setembro de 2019.

Como poderia um plebeu estrangeiro ter-se casado com uma nobre da corte portuguesa, Filipa Perestrello e Moniz, então filha do governador da Madeira? E como é que, se Colombo não fosse um nacional de Portugal, poderia ter tido acesso a documentos da escola de cartografia de Portugal, instituição de grande interesse estratégico, ao tempo? Imprecisões da época; segredo multissecular, ou interesses de italianos, espanhóis e portugueses, apostados a partir da gesta histórica deste Almirante dos Mares? Abrem-se as portas assim a esta pesquisa, a partir da continuada chegada de contingentes de espanhóis a Cuba, e com eles portugueses, à procura de assentamento povoacional e melhorias nas condições de vida. Cá se persegue procura o maior debate e investigação nesta área.

Atravessar os mares e chegar ao Novo Mundo

Para se fazer uma resenha histórica do papel da emigração portuguesa em Cuba é preciso mencionar-se, à partida, a chegada dos portugueses às Canárias, que fugiam do seu país até ali por causa de perseguições religiosas e procuravam obter melhorias económicas com o cultivo de terras capazes de lhes darem boas colheitas, e estabeleceram-se ali, ainda antes dos castelhanos, na época da chamada «expansão africana». Provindos da ilha da Madeira iniciaram em solo canário a cultura da cana-de-açúcar, implementando a tecnologia dos trapiches açucareiros e a atividade de entreposto dos seus produtos derivados. Introduziram, aliás, novas palavras e modos de falar, ainda hoje usadas e conhecidas como portuguesismos, designadamente as construções enclíticas - essas frases onde é inserto um pronome átono após o verbo para expressar um sujeito já exposto anteriormente. Este aspecto, aqui só aflorado, atendendo à sua importância será retomado com o devido detalhe, mais adiante.

Sublinha Álvarez Santos (2022[2019]) que os portugueses que emigraram a Canarias durante o período da agregação portuguesa à Monarquia Hispânica foram um sujeito exógeno a (esse) arquipélago que, como outras nações foráneas, incorporou sua bagagem sociocultural a uma povoação recentemente formada e que ainda estava a definir sua própria identidade. Contudo, a diferença de outras comunidades europeias, a perdurabilidade temporária da povoação portuguesa nas ilhas facilitou, primeiramente, sua integração e assimilação para, finalmente, assistir e contribuir num processo de simbiose cultural e mimetismo social com a povoação local.

Outro legado destes imigrantes portugueses foi o saber e a marca que deixaram na arte da carpintaria ribeirinha (construção de barcos de pequeno calado e barricas), além de diversos modelos e objetos da carpintaria doméstica. Quem, ainda hoje, se passear por Portugal ou for à ilha da Madeira, logo verificará semelhança com as tipologias de janelas existentes nas Canárias, o mesmo acontecendo com as molduras dos telhados, seus remates e chaminés, tão idênticas, certamente, não por acaso. Como é sabido, de canários e seus descendentes diretos esteve repleta a emigração para a Cuba do Caribe. Visando lograr seus assentamentos, após uma longa viagem transoceânica, muitos daqueles que tinham ido à procura de melhor sorte nas Canárias, podem ter chegado ao Caribe já com nacionalidade insular, ou tê-la adquirido em Cuba, então território colonial da Espanha.

Um dos costumes deslocados das Canárias pelos primeiros imigrantes portugueses e logo verificado no início dos seus assentamentos populacionais rurais, na América e em particular em Cuba, foi o de construírem casas isoladas ao longo dos caminhos, às vezes até em zonas quase desprovidas de água. Estas caraterísticas ainda se podem ver em determinadas zonas periféricas de Havana, como no antigo caminho de Jesús del Monte a Bejucal ou a Santiago de las Vegas, entre outros.

Nas suas viagens para o desconhecido de Cuba, os portugueses forjaram uma identidade partilhada, quer dizer, miscigenaram-se com a população espanhola, acasalaram-se livremente, «sem papel passado» e tiveram descendentes crioulos, sem genealogia registrada, razão pela qual se torna difícil realizarmos hoje um levantamento ou senso estatístico rigoroso. Na memória histórica desvanece-se, naturalmente, a composição das contínuas infiltrações populacionais que começaram a afluir e estabelecer-se em Cuba, após a colonização empreendida pelo conquistador Don Diego Velázquez y Cuéllar (1465-1524), o qual, ao serviço de Espanha, governou a ilha durante treze anos, de 1511 até a sua morte. Um desses casos é o de Vasco Porcallo de Figueroa, acompanhante de Velázquez na descoberta e ocupação da vila de Trinidad (atualmente Património Mundial da Humanidade e um dos principais atractivos histórico-turísticos de Cuba), fundador principal da vila de San Juan de los Remedios, e posteriormente morador da vila de Santa María del Puerto Príncipe (atual Camagüey).

Ele foi trineto de Vasco Porcalho, português, Comendador Maior da Ordem de Avis (Portugal), quem na da batalha de Aljubarrota, 1385, apoiou a parte espanhola, razão pela qual, após a vitória dos portugueses, se refugiou na Espanha, reorganizando a sua vida em Cáceres, onde casou com Beatriz Morán.

Gonzalo Porcallo de Morán, filho do casal, será pai de Vasco Porcalho de La Cerda, o qual, por sua vez, terá como filho Gutierrez Porcallo de Sotomayor, pai de Vasco Porcallo de Figueroa, a figura a qual nos referimos.

Vasco Porcallo foi proprietário da fazenda, «La Sabana», na zona de San Juan de los Remedios, fez fortuna com comércio de escravos nativos da tribo siboney. Por ficar sua propriedade numa zona costeira ideal para a navegação, facultava apoio a frotas com destino a outras regiões. Fez parte da expedição com vista à conquista da Florida promovida e dirigida por Hernando Soto, governador de Cuba entre 1538 e 1539. Acompanhado por seu filho Lorenzo Gómez Juárez de Figueroa, Vasco Porcallo participa nessa expedição na qualidade de tenente geral da Armada e como financiador de parte dos custos. Acabará, no entanto, por se instalar na vila de Puerto Príncipe, onde prosseguirá com o comércio de índios como escravos, consolidando a sua posição como um dos proprietários mais ricos de Cuba nessa época. Morreu em 1550.

No Catálogo de Pasajeros de Indias, arquivado em Sevilha, não existem registros oficiais da chegada de portugueses a Cuba, no período entre 1509 e 1589. Mas, segundo refere Rafael Nieto y Cortadellas (1857) nos Papeles existentes en el Archivo General de Indias relativos a Cuba, página 182, livro II, já em Dezembro de 1582 existiam assentamentos de portugueses vizinhos ou de sua estadia em Havana, com apelidos tais como Baltasar, Bartolomeu, Amador, Marcos, Sebastião, Nunes, Galego, Pires, Pereira e Boto, embora o referido autor já considere esses apelidos espanholizados. Isto é, grafando-os: Baltazar, Bartolomé, Sebastián, Núñez, Gallego e Pérez.

Assim é que ninguém discute a existência do clarinetista lisboeta Jacome Viceira entre os membros de um quarteto de música popular (se calhar, entre os primeiros grupos com esse formato e tipo de música em terras cubanas), que animava, com seus ritmos, as festas da vila no século XVI, em conjunto com outros três intérpretes insulares e crioulos.

Já numa contagem realizada com fins comerciais em 1604, o governador Pedro de Valdés escreveu à Corte Espanhola e referiu-se a umas 45 famílias portuguesas estabelecidas na vila de San Cristóbal de La Habana (de la Pezuela, 1866, p. 67). A partir da segunda metade do século xvi, a população estrangeira aumentou de maneira progressiva na ilha de Cuba.

Referia o governador Pedro Valdés ao rei de Espanha, em duas de suas primeiras missivas a de 25 de setembro e a de 22 de dezembro de 1602, que: «más de dos terçias partes de los que ressiden en esta Ilha son de diferentes naçiones y la mayor dellas portugueses» (de la Pezuela, 1866, p. 67).

Em outras duas oportunidades, em 15 de dezembro de 1605 e em 12 de agosto de 1607, realça a presença dos portugueses no país com seu centro neurálgico em La Habana. Em 1606, eles constituíam a metade do total de europeus residentes no país (Sarmiento Ramírez, 1602-1608).

A lista enviada ao monarca, a 12 de agosto de 1607, foi apenas uma relação dos lusitanos chegados sem contrato à ilha. Do total dos 45 portugueses registrados por Pedro Valdés, somente cinco, 11,1%, eram mulheres. É conhecido que enquanto 11, ou seja, 24,4% tinham casa própria, somente um possuía casa de assistência.

De um total de 37, dos quais são indicados dados sobre o tempo de sua residência na ilha, 29,7% estiveram ali três anos ou apenas um pouco menos que isso; 21,6% levavam já mais de três anos de permanência, porém menos de cinco; 24,3% permaneceram na ilha entre cinco a dez anos, sendo que esta última percentagem se estendia aos que permaneciam em Cuba por mais de dez anos.

Este importante registro também faculta informação relativa ao estado civil e às profissões: 46,7% eram casados; 37,8%, solteiros; 4,4%, amancebados e dos 11,1% restantes nada se diz. Em relação às profissões observa-se que o mais habitual era o trabalho como mercador em lojas, a maioria das vezes com negócio próprio (10 a 21,3%); seguido pelos carpinteiros (6 a 12,8%) e dos vendedores de vinho (5 a 10,6%). Estes dados tão reveladores também vieram a ser divulgados num quadro comparativo publicado em Cuba no Censo Populacional de 1827.

As escalas e estadias das frotas de retorno a Espanha, fizeram com que aumentasse o comércio na Ilha, e de lá para fora dela. Proliferaram nesse tempo, as adegas de vinho, geridas principalmente por portugueses. Como consequência do aumento do comércio, não se descarta as possibilidades de os portugueses em Cuba também se terem envolvido no negócio de padarias e pastelarias, tal como as fizeram proliferar no território canadense ou naquele que atualmente ocupa a Venezuela.

Até há quem já tenha admitido que a cana de açúcar possa ter sido introduzida em Cuba por portugueses provindos das Canárias e não por espanhóis. Pelo menos uma das casas mais antigas da vila de Havana, a Ribeiro Vasconcelos, datada de inícios do século xvii e que ainda existe, situada na esquina de Obrapía e San Ignacio (Havana Velha), era propriedade do senhor do mesmo nome, capitão e cavaleiro do Hábito de Cristo, natural da então colónia portuguesa de Marrocos.

E sobre portugueses que se instalaram em terra firme cubana, Nieto y Cortadellas, refere também que Francisco Salgado, nascido em Guimarães instalou, nas imediações do território que hoje ocupa a área de Luyanó em Havana, o engenho de açúcar São António de Pádua, nos fins do século xvi (Nieto y Cortadellas, 1857, p. 179).

Por sua vez, o alferes Luis da Silva e Costa foi, nessa mesma data, Alcaide da vila de San Salvador de Bayamo. Seu neto fundou o povoado Guisa, onde foi o Regedor, Autoridade Maior da Justiça e seu primeiro Marquês.

Jacinto Barreto, primeiro conde da Casa Barreto, na capital cubana, era bisneto de Antonio Barreto, natural de Lisboa e capitão de infantaria na Fortaleza dos Três Reis do Morro, um dos grandes símbolos de Cuba. Por sua vez, o primeiro alcaide ordinário daquela capital, Dom Sebastião Fernandes Pacheco era natural da ilha Terceira e exerceu esse cargo em 1604. Manuel Gomes de Laurença, originário de Coimbra, estabeleceu-se em Remédios, zona central de Cuba e a partir de 1671, procriou uma extensa família, entre cujos descendentes é possível identificar o Major General e ex-presidente cubano José Miguel Gómez (conhecido entre o povo humilde como «Tubarão»), bem como o seu filho Miguel Mariano também posterior presidente, ambos na primeira metade do século xx. Avançando-se mais pelo século xvii, registra-se que 40% da população branca da ilha tinha ascendência portuguesa. Alguns deles dedicavam-se a atividades com escravos, enquanto outros, do ramo judeu, eram comerciantes e contabilistas, denominados pelo antropologista e historiador cubano dom Fernando Ortiz como «financistas da colonização».

Uma menção especial também merece a presença de piratas portugueses em Cuba. Segundo a tradição oral entre os naturais do extremo mais ocidental de Cuba, portugueses traficantes e piratas esconderam-se nas grutas da costa norte de Pinar del Río, até que puderam continuar o seu rumo ou infiltraram-se na povoação como espanhóis. Os primeiros indícios desse facto poderiam remontar a 27 de abril de 1586, quando a tripulaçāo de Francis Drake tocou o cabo de San António, na costa oeste de Cuba. Sabe-se que entre os seus timoneiros havia, no mínimo, um português de Vila Nova de Gaia chamado Nuno da Silva, posteriormente preso em Campeche, onde deu conhecimento aos espanhóis sobre determinadas operações navais de Drake e sobre a presença do primeiro pirata cubano de apelido Grillo, nas costas do Caribe.

Pelos anos 60 do século xvii apareceu nas águas caribenhas um bucaneiro português tornado pirata proscrito, conhecido por Bartolomeu «Portugal» e que tinha recebido na Jamaica uma patente de corso para as suas acções navais. Foi com um pequeno barco de quatro canhões que, no ano de 1662, ele desbaratou os espanhóis posicionados em Cabo Corrientes. E no ano seguinte, com apenas trinta homens, assaltou um rico mercador hispano, em frente às costas de Manzanillo, no extremo oriental de Cuba, que trazia a bordo cem mil libras de cacau, além de uma avultada carga de ouro e munições. Durante os quatro anos seguintes, no meio de várias bravatas, aquele português decidiu associar a identidade nacional do seu país de nascimento ao seu próprio nome de baptismo, Bartolomeu. Passou então a ser nomeado e reconhecido pelo epíteto de «Portugal», sobretudo na sua relação com os bucaneiros e flibusteiros da denominada Confraria dos Irmãos da Costa, os quais até adoptaram uma espécie de código de pirataria, supostamente criado por ele.

Bartolomeu «Portugal» foi visto em várias acções bélicas pelas costas de Campeche (México) e de Cuba. Conseguiu ainda submeter um galeão contendo mais de 70 mil peças de ouro e grandes quantidades de cacau. Com tão valioso carregamento quis ir aportar à Jamaica, mas os ventos alísios de leste-nordeste desviaram-no para o cabo de San António em Cuba, onde fez escala em 1669, para continuar rumo a Campeche. Após longos périplos pela zona da costa mexicana, ele tentou novamente rumar à Jamaica, desta vez indo pelo Sul, mas o barco naufragou com toda a sua carga num ponto entre a ilha dos Pinheiros e os Jardins da Rainha (hoje Isla de la Juventud e Jardines de la Reina na costa centro-sul em Cuba). A partir dali, pôde finalmente regressar a terra jamaicana e morreu em grande miséria.

Um dos portugueses de maior renome na Cuba desse tempo terá sido Dom António Luz e do Cabo, magistrado e síndico procurador Geral de Havana, onde se casou, em 1711, com Maria Coronel. Entre seus descendentes encontra-se, porventura, José de la Luz y Caballero, um dos pioneiros entre os filósofos e educadores da nascente nacionalidade cubana.

Era tal o prestígio da família Luz em Havana, que uma das ruas da zona velha da cidade ainda conserva esse nome, no entanto, que um dos principais cais da Bahia é «Muelle de Luz».

Por essa mesma época os registros da vila documentam Manuel Meyreles e Barros, nascido na localidade nortenha de Penafiel, que foi capitão de milícias na Praça de Havana (Nieto y Cortadellas, 1857, p. 180).

Estes militares poderiam ser associados com um facto que assumiu dimensão traumática e ao mesmo tempo heróica para os habitantes da Vila de San Cristóbal e essa ocorrência, que se tornou histórica, foi a tenaz defesa por eles empreendida face ao ataque perpetrado pela armada inglesa, em junho de 1762. O resultado foi a tomada da capital, durante 11 meses, pelos britânicos.

Contudo, esta ocupação nunca deixou de ser retaliada e finalmente, os ocupantes aceitaram trocar esta pequena conquista territorial por uma parte da Florida. Por isso hoje a Florida é americana e Cuba passou a pertencer novamente à Espanha até 1898.

Conta-se entre os portugueses já estabelecidos em Cuba àquele que motivou uma frase popular devida a um facto por ele mesmo protagonizado a 29 de junho de 1856. Trata-se de dom Matias Pérez, (ou talvez Pires de apelido original, atendendo à sua ascendência lusa) e que seria, um português vendedor de sal grosso e também de toldos para comércios, âmbito de actividade em que era chamado de «El Rey». Durante anos Matias Pérez foi assistente do excêntrico aeronauta francês Eugene Goddard e segundo narra Ramón Meza na publicação colonial «La Habana Elegante», citado pelo pesquisador e jornalista cubano Rolando Aniceto, Pérez terá sido capaz de levantar voo de balão com um cavalo a bordo, na Praça de Marte e até terá feito exercícios de trapézio durante esse mesmo voo. Ora aconteceu que naquele 29 de junho Dom Matías Pérez voou tão alto e tão longe, que ninguém mais o viu descer e por essa razão, perdura na memória dos moradores a imagem e o episódio, ao menos figurado, de alguém que partiu para não regressar. O facto e a frase -«voou como Matias Pérez»- passaram a ser para sempre, expressão comum da linguagem cubana, para desse modo, se indicar alguém que subitamente, abandona o local onde estava ou um compromisso, sem deixar rasto.

Dom Eça e mais outros

Dezasseis anos depois da desafortunada aventura de Matías Pérez chegou a Havana, em 20 de dezembro de 1872, um oriundo da Póvoa de Varzim, localidade da região do Porto. Fora designado cônsul de primeira classe nas Antilhas Espanholas. José Maria Eça de Queirós (1845-1900) então com apenas 27 anos de idade foi posteriormente o principal expoente das letras lusitanas no período realista e um dos grandes romancistas do século xix, a nível internacional. Visto pelos arredores do que se supõe o hotel Inglaterra, partilhava convívios com hóspedes principalmente saxões, ou atravessava a rua Obispo, de Havana Velha, para se dirigir à cafeteria «Columnata Egipciana», ao lado da Real e Pontifícia Universidade de San Gerónimo, visando degustar um café ou um chá, onde também se falasse do que ia pelo mundo. Ali existe um mural de azulejos com a imagem do criador de «Os Maias», executado em Portugal pela fábrica de cerâmica da Viúva Lamego, fundada em 1849 e ainda ativa.

Actualmente, nos exteriores da «Columnata Egipciana» encontra-se a placa colocada pelo ex-presidente da República de Portugal, Jorge Sampaio assinalando e perpetuando a estadia de Queirós na cafeteria e na capital cubana.

O jovem cônsul havia confirmado que os chineses -coolíes-, aparentemente trazidos para Cuba como trabalhadores salariados, eram na realidade tratados como escravos, vítimas de enganos, aliciados com promessas falsas no então território português de Macau. Quase nenhum deles conseguiu juntar economias suficientes para poder regressar à sua terra e assim, tal impossibilidade fomentou, embora forçadamente, a existência da comunidade chinesa em Cuba. Queirós denunciou tais atropelos dos espanhóis e o envolvimento de contrabandistas portugueses nessas ilegalidades. O governo português veio a eliminar Macau como ponto de embarque de coolíes e ditou severas medidas contra quem tentasse infringi-las. Cabe-lhe o justo mérito a Eça de ter influído fortemente para aquela decisão. Posteriormente foi agraciado pelas autoridades do Império Chinês com a oferta de uma bengala com punho em ouro. Segundo as suas próprias palavras, ele havia contribuído para que os asiáticos em Cuba tivessem «mais pão e menos chicote» (Quartim Graça, 2016). Ele escreveu muito pouco em Cuba, uma vez que se concentrou na atividade diplomática. Contudo, ainda há muitas hipóteses que apontam a que teve tempo para escrever em solo cubano o conto «Singularidades de uma rapariga loira».

Tendo chegado à ilha em 1872, Eça foi testemunha distanciada das lutas da independência de Cuba contra a Espanha. Esses conflitos prolongaram-se ainda por trinta longos anos, e três guerras cubanas contra Espanha, segundo Cordoví (2021, p. 2) existem referências de vários descendentes de portugueses que geriram combates no mato, como foi o caso de Ignácio Agramonte, um dos principais chefes militares da Guerra dos Dez Anos, e de Bernabé Boza, chefe de Estado Maior do Generalíssimo Máximo Gómez, este último principal estrategista militar das guerras contra Espanha em território cubano. Hä outros portugueses que apoiaram a causa cubana no combate ao Exército Colonial espanhol tais como o dentista lisboeta Júlio Broderman, residente em Remedios, foi detido em 1869 por ordem do Capitão Geral Domingo Dulce e deportado para a ilha presídio de Fernando Pó. Quatro meses depois logrou escapar da cela e fez questão de continuar a luta. Faleceu em Cuba, em maio de 1891.

Dados menos precisos referem-se ao camponês Joaquim Santos, pertencente este ao V Corpo da 2ª da Divisão, Primeira Brigada de Cavalaria de La Habana, no qual ingressou em quatro de junho de 1896. Há pesquisas ainda insuficiêntes em torno de suas movimentações bélicas, e do seu posterior destino em solo cubano.

Já no primeiro quartel do século xx, na tarde de 12 de Outubro de 1915, arribou a Havana o académico português António Sena Faria de Vasconcelos, um natural de Castelo Branco, nascido em 1880, que então com 35 anos era já um pedagogo de renome internacional e fora convidado pela Secretaria de Sanidade e Beneficência cubana investido na qualidade de Inspector Especial (Meireles Coelho e Martins Rodrigues, 2016).

A fim de assessorar processos pedagógicos para o ensino primário e nível escolar médio na ilha, Faria orientou uma Reforma Pedagógica em Cuba e fundou escolas novas, segundo as experiências tiradas da sua estadia na Bélgica, e granjeou adeptos entre docentes em Cuba, como Alfredo Aguayo, com quem partilhou ideias que vieram a ser explanadas no seu manual intitulado Pedagogia Científica -ainda hoje fonte de consulta para áreas da docência no ensino primário.

No decurso da primeira metade do século xx e com maior força, após o triunfo da Revolução Cubana em 1959 e ao longo das décadas seguintes, foram sempre chegando a Cuba, alguns outros portugueses, indiferenciados na sua maioria, movidos por antigos laços familiares ou de curiosos por ir viver numa nova sociedade diferente daquela de onde provinham. Em data mais recente, em 1965, uma fuga que foi grande notícia -de Lisboa para Havana- foi a de Ana (Annie) Silva Pais (1935-1990). Filha única do último diretor da PIDE, (ao tempo, a Polícia Política de Portugal) esta filha rebelde apaixonou-se pela Revolução Cubana e deixou tudo para trás -a família, os amigos e o país. Foi uma decisão controvertida da sua parte e muito ultrajante tanto para o seu pai, como para o governo português que ele corporizava. Para além dos seus ideais revolucionários, Annie ia também capacitada com o saber suficiente para poder divulgar em Cuba a cultura e a língua lusitanas.

Sendo filha de uma figura grada do governo de Oliveira Salazar, essa condição tinha-lhe permitido uma boa educação, e permitiu-lhe ir a ser, em Cuba, uma das pioneiras da Seção de Português da hoje conhecida institucionalmente como Equipa de Serviços de Tradutores e Intérpretes (ESTI), na qual realizou trabalhos de alta confidencialidade. Quem a recorda em vida ainda lembra a sua dedicação aos ideais do nascente sistema revolucionário cubano e a sua empenhada entrega nas suas tarefas, nas quais chegou a ser tradutora-intérprete de altos dirigentes, os quais acompanhou em importantes missões de trabalho. Viveu feliz na terra caribenha até falecer em Havana, com 54 anos de idade. Seu corpo está sepultado no cemitério Cristóbal Colón.

Anos mais tarde, uma mensagem de amor chegou a Cuba vinda do humilde povoado de Zeive, na zona de Bragança. A 27 de junho do ano 2001 essa mensagem foi levada pela Irmã Teresa Bernadette Vaz, também filha da Lusitânia, e de Deus.2

Após várias temporadas em Cuba, desenvolvendo acção religiosa e de apoio às populações, ela veio a ser nomeada responsável pelo Escritório de Assistência Social do Arcebispado e diretora da guarderia «Padre Usera», sediada desde o ano 2012 na antiga casa de Beneficência de Pedro Valdés, um casarão colonial recuperado pelo governo cubano, distando apenas uns 60 metros da populosa Praça Velha de Havana. Ela participou em dois congressos organizados pela Faculdade de Educação Infantil da Universidade de Ciências Pedagógicas «Enrique José Varona». No Congresso Internacional Pedagogia (2003), que se realiza em Cuba de dois em dois anos, despertou a admiração geral, por ser a primeira vez que uma representante da Igreja Católica participava nesse tipo de evento. Também esteve presente no 8º Congresso Mundial de Educação Comparada, em 2004. Entre os mais de 150 alunos da guarderia, é possível vê-la sempre muito ativa, já nos seus 88 anos de idade. Canta, dança, e ainda chuta uma bola, num joguinho de futebol caseiro. Organiza festas tradicionais de aniversários, bem como bailes de máscaras, tudo dentro dos procedimentos de ludoterapia pedagógica que vem aplicando empenhadamente.

Há quem julgue que já não há portugueses em Cuba. Contudo, Aurelio Francos, da Fundação Fernando Ortiz, em seu livro Carta de Chamada Lisboa, 1999 revela a existência de, pelo menos, mais 19 portugueses que vieram diretamente para Cuba. Na atualidade viverão em Cuba, de forma permanente 60 portugueses, com variadas ocupações que incluem desde o exercício religioso no Arcebispado de Havana, até funções nos organismos da ONU e em organizações não governamentais.

Os vínculos entre Portugal e Cuba manifestam-se igualmente na música, cinema, literatura, idioma, educação, religião e no turismo crescente, entre outros aspetos. Foi Luis Repressas um daqueles que uniu sua voz com cantor cubano Pablo Milanés para presentear belas canções portuguesas e cubanas, em memoráveis duetos. A partir do ano 2016 têm-se realizado frequentes atividades culturais portuguesas em Havana. Nesse ano levaram-se a cabo onze eventos e o cálculo do número de participantes que a eles afluíram atingiu uma cifra superior a 700 pessoas, revelando assim que se aproximaram, com avidez, da cultura portuguesa.

Sob os auspícios do Teatro Lírico Nacional, o Instituto Camões da Cooperação e da Língua de Portugal e a Embaixada de Portugal em Cuba, intérpretes cubanos realizaram pela primeira vez se calhar, em Cuba, na sexta-feira 29 de julho de 2016, na Basílica Menor de São Francisco de Assis, em Havana, um concerto denominado Fados de Portugal. Este evento permitiu que em Cuba fosse mais divulgado e apreciado este género musical tão identificativo da alma portuguesa. Em 31 de Outubro de 2019, a capital cubana pôde admirar o cunho interpretativo da fadista Cuca Roseta, em espetáculo que ocorreu na Fábrica de Arte Cubana, e que, de decerto também contribuiu para aumentar o interesse cubano pela canção nacional portuguesa.

No âmbito da cooperação cinematográfica, foi celebrado a 25 de janeiro de 2018, no Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos (ICAIC), o primeiro convénio entre a Cinemateca Portuguesa/Museu do Cinema e a Cinemateca de Cuba. Assim, o público cubano poderá desfrutar agora de vários filmes lusos de destaque, entre eles O Nosso Cônsul em Havana, de Francisco Manso, cuja estréia mundial foi efectuada na Sala de Cinema 23 y 12, da capital cubana, em 17 de junho de 2019.

Por sua vez, o presidente reeleito da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a sua visita Cuba em novembro de 2016, inaugurou a Biblioteca «Eça de Queirós» na sede da Embaixada de Portugal naquele país. Entre as pioneiras de seu tipo em Cuba, ela é especializada em literatura lusófona, e está aberta a todos os interessados na produção literária em língua portuguesa.

Na área da linguística, como aflorado, são notórias as influências lusitanas no espanhol que é falado em Cuba, definidas como portuguesismos ou lusitanismos. A frequência de uso pode revelar as origens de determinados portuguesismos adoptados como parte das normas coloquiais do falar hispânico. Conforme é dito pela Real Academia Espanhola da Língua, este fenómeno refere-se a palavras ou expressões derivadas do idioma português e que foram incorporadas na língua espanhola nas suas diferentes variantes. O Tesauro Léxico Canário-Americano (TLCA) recolhe um total de 169 portuguesismos, enquanto que no Dicionário da Real Academia Espanhola (DRAE) são enunciadas 110 expressões, além de cerca de outras 22 falas, ali não incluídas, mas tão populares como peculiares -patiñero, sabichoso e tamboril, entre elas-. O DRAE reconhece, por exemplo, a inequívoca marca de portuguesismo em vocábulos como: buraco cachimba e laja.

Prosseguindo nesta linha de investigação lexical/semântica é possível encontrarmos outras expressões tais como gago (tartamudo), engoruñarse (encolher-se), escarrancharse (espreguiçar-se) ou pachorrearse (de agir com paciência infinita, com pachorra).

Desde princípios dos anos sessenta o idioma português é oficialmente estudado em Cuba, Na Universidade de Havana estudam português como segunda língua desde janeiro de 2018, e para a difusão da cultura e da língua portuguesa em Cuba, tem contribuído desde 2017 a Cátedra de Estudos de Língua e Literatura "Eça de Queirós", adstrita ao Instituto Camões de Portugal e à Universidade de Havana. Entre suas leitoras, salienta o lavor da académica Maria Isabel Ribeiro Gaspar Queluz, Lisboa, 1969 ainda em Cuba, quem logrou envolver-se grandemente com as atividades docentes e culturais de Cuba.

E mais um sinal da influência da cultura portuguesa em Cuba manifesta-se na religião. Já desde o primeiro quartel do século XX, na existência de capelas e templos dedicados à virgem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, corporização lusitana da Virgem Maria. O culto à virgem de Fátima ganhou impulso em Cuba, como é evidenciado na recente aparição de algumas igrejas e capelas a ela dedicadas, como por exemplo as localizadas em San José de Jatibonico, Camagüey, em Varadero, na Calzada de Bejucal, em La Jata, e na Sierra del Arzobispo, entre outros santuários.

Será improvável ver agora novos fenómenos migratórios portugueses parecidos com os descritos aqui entre os séculos xvi e xix. A emigração portuguesa tem retomado uma trajetória diferenciada, em particular desde a integração europeia, em 1986, direcionada fundamentalmente para destinos europeus (Pena et al., 2020), daí que não seria nada esquisito nos encontrar algum dia com uma pesquisa sobre recentes marcas portuguesas em qualquer país europeu, sob a visão dum nativo desse mesmo país alvo europeu.

Conclusão

Com níveis aproximados de população e extensão territorial, Cuba e Portugal partilham uma história de relações oficiais ininterruptas, desde seis de maio de 1919, mas a afinidade entre ambos os povos ultrapassa essa data protocolar e obriga-nos a mergulhar nos labirintos do tempo. Espreite-se ainda mais nos laços que logo começaram a ser entretecidos por quem se fez ao mar e para oeste navegou, em direção ao desconhecido, empreendendo a mais transcendente viagem de sua vida. Ainda há em Cuba o descendente daquele português que, após ter lançado um último olhar à Torre de Belém que nunca mais veria, fosse acolhido com carinho na «terra mais formosa» pelos filhos do Castelo da Real Força, para nesse abraço se tornarem também filhos da capital da maior das Antilhas.

Agradecimentos

Este estudo integra um projecto originário do Palácio do Segundo Cabo (Havana, Cuba), desde 2017, e sua versão primária foi apresentada no I Colóquio de Presenças Européias em Cuba e no I Colóquio Cubano de Estudos Lusófonos , ambos em 2017. Agradecem-se os alicientes especiais das embaixadas de Timor Leste e Portugal em Cuba, assim como o empenho especial da Dra. Isabel Gaspar, leitora do Instituto Camões, e o apoio dos professores doutores (ref) Carlos Dativo e António Borges, da Universidade de Lisboa.

Referências bibliográficas

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*A Torre de Belém (1520) é uma construção militar localizada em Lisboa. Obra de Francisco Arruda e Diogo de Boitaca. Teve grande importância na Era dos Descobrimentos, desde logo, por ter sido aquele o local de partida dos exploradores portugueses que se fizeram ao mar, para estabelecerem o comércio europeu com a China e a Índia. Quando esta fortificação deixou de servir para defesa contra invasores, no estuário do rio Tejo, veio a ser utilizada como prisão, farol e também como Centro de Angariação de Impostos sobre quem queria entrar na cidade. É igualmente conhecida como Torre de São Vicente, pois foi erigida em homenagem a São Vicente Mártir, patrono de Lisboa. Declarada Património da Humanidade pela Unesco em1983.

**O Castelo da Real Força de La Habana é uma fortaleza iniciada pelo engenheiro Bartolomé Sánchez e depois concluída por Francisco Colona. Erigida em 1577, está situada frente à posição da árvore ao pé da qual se celebrou a primeira missa e acta de ajuramentação do Cabido da Vila de São Cristóbal. Na sua torre foi colocada, algum tempo depois, a escultura fundida em bronze mais antiga de Cuba, conhecida como Giraldilla, que é atualmente uns dos símbolos da capital caribenha. No conjunto do sistema de fortificações da cidade e do seu entorno colonial histórico, este é um dos sítios que foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, em 1982 (Fig. 2).

2A Irmã Teresa é membro da Congregación de Hermanas del Amor de Dios, confraria criada em Espanha no século xix para trazer professoras para as Antilhas e fornecer apoio a crianças com famílias mais necesitadas e disfuncionais. As irmãs da congregação estão na Ilha desde 1871. (N. do A.).

Recebido: 22 de Janeiro de 2023; Aceito: 01 de Março de 2023

*Correo electrónico: ajperez@flex.uh.cu

O autor declara que não tem conflito de interesses.

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