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Revista Cubana de Plantas Medicinales

versión On-line ISSN 1028-4796

Rev Cubana Plant Med vol.20 no.4 Ciudad de la Habana oct.-dic. 2015

 

ARTÍCULO ORIGINAL

 

Bioatividade de três extratos de plantas no controle do Z abrotes subfasciatus (Boh.)

 

Bioactividad de tres extractos de plantas en el control de Zabrotes subfasciatus (Boh.)

 

Bioactivity three plant extracts in control of Zabrotes subfasciatus (Boh.)

 

 

Prof. Elvira Bezerra Pessoa,I Dr. Francisco de Assis Cardoso Almeida,II Ing. Luzia Marcia de Melo SilvaII

 

I Centro de Educação. Universidade Estadual da Paraíba (CEDUC/UEPB). Universitário, Campina Grande. Paraíba, Brasil.
II Centro de Tecnologia e Recursos Naturais. Universidade Federal de Campina Grande (CTRN/UFCG). Universitário, Campina Grande. Paraíba, Brasil.

 

 


RESUMO

Introdução: o conhecimento dos efeitos indesejáveis do uso de inseticidas químicos, associados à preocupação dos consumidores quanto à qualidade dos alimentos, têm exigido estudos sobre novas técnicas de controle das pragas de armazenamento, incluindo-se a utilização de produtos naturais que são menos agressivos ao ambiente, sendo exigido na produção orgânica e na agricultura familiar.
Objetivo: avaliar a bioatividade inseticida de extratos vegetais em pó e hidroalcoólicos de Aspidosperma pyrifolium (Mart.), Anadenanthera colubrina (Vell.) e Licania rígida (Benth), a partir de folhas e casca do caule de cada espécie sobre a repelência/atratividade e mortalidade do Zabrotes subfasciatus (Boh.).
Métodos: as plantas foram coletadas no sertão paraibano de Patos - PB e, os insetos de uma população pertencente ao Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas / Universidade Federal de Campina Grande, mantidos em uma massa de feijão em estufa climática sob temperatura controlada.
Resultados: constatou-se repelência do Z. subfasciatus a todos os extratos, com destaque para o extrato de L. rigida casca em que o Z. subfasciatus foi repelido em 82,49 %, seguidos do A. pyrifolium (78,88 %) e A. colubrina (77,49 %); o contrário deu-se com o extrato da L. rigida folhas que atraiu os insetos adultos em 40,29 %, constatando que os extratos cascas foram superiores aos extratos folhas. Em relação à mortalidade do inseto não se constatou diferença para os extratos das folhas e cascas, no tempo de 24 h, de A. pyrifolium e L. rigida, mas, para o A. colubrina folhas houve efeitos mais eficientes para mortalidade.
Conclusão: os extratos foram eficientes no controle do Z. subfasciatus, em que o extrato A. pyrifolium casca se destaca na bioatividade matando em 100 % os insetos.

Palavras-chave: praga de grãos armazenados, plantas inseticidas, controle alternativo.


RESUMEN

Introducción: el conocimiento de los efectos adversos del uso de insecticidas químicos, asociado a las preocupaciones de los consumidores sobre la calidad de los alimentos, han requerido estudios sobre nuevas técnicas para el control de plagas de almacén, incluye, el uso de productos naturales que son menos dañinos, son exigido en la producción orgánica.
Objetivo: evaluar la bioactividad de extractos de plantas con insecticidas hidroalcohólico y polvo de las hojas y la corteza del tallo de las especies Aspidosperma pyrifolium (Mart.), Anadenanthera colubrina (Vell.) y Licania rígido (Benth) en la repelencia/atractivo y mortalidad del Zabrotes subfasciatus (Boh.).
Métodos: las plantas fueron recolectadas en tierras del interior de Paraíba (Patos – PB) y los insectos de una población pertenecientes al Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas / Universidade Federal de Campina Grande, mantenidos en una masa de frijoles dentro de una cámara climática a temperatura controlada.
Resultados: los adultos de Z. subfasciatus fueron repelidos por todos los extractos, empleados, a donde el extecto de la orteza de L. rígida repelio el Z. subfasciatus en 82,49%, seguido por A. pyrifolium (78,88 %) y A. colubrina (77,49 %); lo opuesto se dio con el extracto de las hojas de L. rígida que atrajeron a los insectos adultos en 40,29 %, se examino, que los extractos de cáscara fueron superiores a los extractos de las hojas. En cuanto a la mortalidad del insecto no se encuentra diferencia para los extractos de las hojas y la corteza, en el tiempo de 24 h, de A. pyrifolium y L. rigida, pero para A. colubrina hojas, hubo efecto más significativo de mortalidad.
Conclusión: los extractos fueron eficientes en el control del Z. subfasciatus, donde el extracto de la corteza de A. pyrifolium se destaca en la bioactividad, matando 100% los insectos.

Palabras clave: plaga de granos almacenados, plantas insecticidas, control alternativo.


ABSTRACT

Introduction: the knowledge of the adverse effects of the use of chemical insecticides, associated to consumer concerns regarding to the quality of food, have required studies on new techniques for control of storage pests, including the use of natural products that are less aggressive to the environment, being required in organic production and family farming.
Objective: evaluate the insecticidal bioactivity of powder plant extracts and hydroalcoholic of Aspidosperma pyrifolium (Mart.) , Anadenanthera colubrine (Vell.) and rigid Licania (Benth) from leaves and stem bark of each species on the repellency / attractiveness and mortality of the Zabrotes subfasciatus (Boh.).
Methods: the plants were collected in backlands of Paraiba state, Patos - PB and the insects of a population belonging to Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas / Universidade Federal de Campina Grande, kept in a mass of beans in a chamber under controlled temperature.
Results: it was verified repellency of Z. subfasciatus to all extracts, highlighting the extract of rigid L. from bark in which the Z. subfasciatus was repulsed at 82.49 %, followed by A. pyrifolium (78.88 %) and A. colubrina (77.49 %); the opposite happened with the extract of rigid L. from leaves which attracted the adult insects in 40.29 %, noting that bark extracts were superior to the leaf extracts. In relation to mortality of the insect, is not observed difference for the extracts of the leaves and barks, in the time of 24h, of Apyrifolium and rigid L., but for A. colubrina from leaves there was more efficient effects for mortality.
Conclusion: the extracts were efficient in the control of Z. subfasciatus in which the A. pyrifolium extract from bark stands out in the bioactivity killing 100 % of the insects.

Key words: Pest of stored grain, insecticidal plants, alternative control.


 

 

INTRODUÇÃO

A cultura do feijão é susceptível ao ataque de inúmeras pragas e, dentre elas, destacam-se aquelas que atacam os grãos e sementes armazenados, como o Z. subfasciatus (Boh.), onde os danos causados por este inseto praga são consideráveis, qualitativos e quantitativamente, refletindo-se em reduções no peso, na qualidade do produto e no poder germinativo das sementes.¹

Um dos principais problemas no armazenamento de sementes refere-se ao controle de pragas e doenças. Antes das facilidades na aquisição dos inseticidas sintéticos para o controle dos problemas fitossanitários, os agricultores preparavam e utilizavam produtos naturais oriundos de espécies vegetais de suas próprias propriedades, com base em conhecimentos empíricos adquiridos dos seus antepassados.

Os inseticidas de origem vegetal foram muito utilizados até 1940, principalmente a nicotina, extraída das folhas de Nicotiana tabacum e Nicotiana rústica, associada à nornicotina e anabasina, a partir da segunda Guerra Mundial, e por estes serem mais potentes que os inseticidas vegetais, a utilização desses produtos naturais foram substituídos pelos produtos sintéticos, utilizados em larga escala até os dias atuais.²

O consumo de agrotóxicos no Brasil se consolidou em função de vários fatores, como o incentivo governamental, forte propaganda do setor agroquímico e, sobretudo, em função de um modelo de agricultura caracterizada pela monocultura, com exigência cada vez maior de quantidade de agrotóxicos, gerando desequilíbrios e proporcionando o surgimento de insetos cada vez mais resistentes.

No entanto, o conhecimento dos efeitos indesejáveis do uso de inseticidas químicos, associados à preocupação dos consumidores quanto à qualidade dos alimentos, têm exigido estudos sobre novas técnicas de controle,³ incluindo-se a utilização de produtos naturais que são menos agressivos ao ambiente e, que no passado foram muito utilizados pelos agricultores.

A volta dos inseticidas de origem vegetal, mediante o uso de extratos vegetais, vem sendo, atualmente, uma prática cada vez mais constante para os agricultores, principalmente, da linha de produção orgânica e agricultura familiar.4

Várias pesquisas vêm sendo realizadas em busca de alternativas para controle de insetos, que sejam econômicas, eficientes e ecologicamente corretas, devendo atuar de maneira harmoniosa com a natureza reduzindo ações de insetos pragas sem desequilibrar o ecossistema. Os compostos de origem vegetal demonstraram que os princípios ativos dos inseticidas botânicos são compostos resultantes do metabolismo secundário das plantas, sendo acumulada em pequenas e diferentes proporções nos tecidos vegetais com diversas funções específicas, entre elas a estratégia de defesa contra os insetos.5

As plantas com atividades inseticidas têm determinado que o uso de princípios ativos naturais empregados através de óleos e extratos vegetais constitui-se numa perspectiva bastante favorável no controle de insetos pragas. Dentro destas perspectivas, muitos estudos têm sido realizados com variados compostos, como amidas, ácidos, cumarinas, alcalóides, flavonóides, saponinas, taninos, imidas, esteróides, diterpenos. Geralmente, todos esses compostos exibem efeitos inibitórios intensos contra bactérias, fungos e vírus. Essas substâncias são geralmente classificadas como compostos secundários, sendo que a maioria se origina de acetato ou aminoácidos das vias bioquímicas, havendo, entretanto, considerável diversidade química entre esses compostos.6

De acordo com Vendramim,7 as plantas inseticidas podem ser utilizadas de diversas formas, sendo mais comum o seu emprego na forma de pó seco, óleos, extratos aquosos e não aquosos. Para esse autor, os pós e extratos aquosos, constituem-se na melhor opção por serem de fácil obtenção e aplicação. Maranhão8 relacionou cerca de 2000 plantas distribuídas em 170 famílias, com atividade tóxica reconhecida para diversos insetos. Segundo esse autor, os inseticidas comerciais de origem vegetal eram encontrados em cinco famílias botânicas: Solanaceae (nicotina, anabasina), Compositae (piretro), Leguminosae (flavanóides), Liliaceae (heléboro) e Chenopodiaceae (anabasina). Existem atualmente, no Brasil, inúmeras pesquisas sobre o potencial fitoinseticida de algumas plantas nativas.9

Diante do exposto, considerando o potencial botânico da caatinga do nordeste do Brasil e, a real necessidade de se conhecer novos compostos capazes de controlar a ação de insetos de sementes armazenadas, objetivou-se com este trabalho avaliar a bioatividade inseticida de extratos vegetais hidroalcoólico em diferentes doses de A. pyrifolium (Mart.), A. colubrina (Vell.) e L. rigida (Benth) a partir de folhas e caules de cada espécie e analisar a repelência/atratividade e mortalidade do Z subfasciatus (Boh.) pelos extratos em pó.

 

MÉTODOS

Local da realização dos experimentos

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA) da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola (UAEAg) do centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em Campina Grande, Paraíba.

Matéria prima

As plantas utilizadas nos experimentos foram obtidas no sertão paraibano de Patos - PB e, os insetos a partir de uma população pertencente ao LAPPA, mantida em sementes e grãos de feijão carioquinha.

Obtenção dos extratos vegetais

O extrato em pó foi obtido triturando as plantas ou as partes a serem empregadas em moinho de facas tipo Willye. O extrato hidro alcoólico foi obtido a partir do extrato em pó, depois de pesado em balança, umedecido com álcool etílico a 70 % v v-1 e deixado em maceração por 10 dias em temperatura ambiente, na ausência da luz e com agitação diária por 10 min. Posteriormente, as soluções foram filtradas em percolador e concentradas até 30 % para diminuir o teor alcoólico em evaporadores rotativos com temperatura controlada (60 °C), depois foram armazenadas em recipientes apropriados em frascos escuros, cobertos com papel alumínio, até o momento de serem utilizados nos experimentos.

Avaliação do efeito dos extratos

No teste de repelência/atratividade, para se avaliar o efeito dos extratos pó das plantas sobre com o Z. subfasciatus, utilizou-se uma arena, formada por cinco caixas plásticas de 6,1 cm de diâmetro e 2,1 cm de altura, sendo a caixa central interligada simetricamente as demais por tubos plásticos, na disposição em diagonal, onde em duas das caixas da arena, dispostas diagonalmente, foram colocados 10 g de feijão triturado e não tratado com o pó dos extratos, igualmente nas outras duas caixas se colocou a mesma quantidade da massa de feijão misturada cada com 0,3 g do extrato em pó, ficando a caixa central sem massa alguma do feijão, onde se inocularam, 30 insetos não sexados com 7 dias de vida. Nos testes de mortalidade empregou-se a mesma metodologia depois de 24, 48 e 72 h e, para a atratividade/ repelência após 24 h.

Foram avaliados os efeitos dos extratos hidroalcoólicos com 30 % concentrado nas doses de 1, 2, 3, 4 e 5 mL aplicados na forma de nebulização com auxilio de um equipamento tipo torre de Potter, sobre a mortalidade do Z. subfasciatus com sete dias de vida. A avaliação se deu depois de 24 h da aplicação contando os insetos vivos. A metodologia empregada foi desenvolvida por Almeida 10, em que o extrato é levado ao inseto na forma de vapor (nebulização), onde se encontravam dentro de recipientes plásticos medindo 104 x 141 mm (altura x diâmetro), com tampas perfuradas com pequenos furos para a entrada e saída, respectivamente, do vapor gerado pelo compressor. Os tratamentos constaram de 4 repetições com 30 insetos cada, mais uma testemunha que não recebeu a aplicação dos extratos.

Análise estatística

Os dados obtidos foram avaliados com uso do software Assistat, versão 7.611 em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), em que os experimentos foram dispostos em esquema fatorial com 4 repetições e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 1 e 5 % de probabilidade.

 

RESULTADOS

O resultado da análise de variância corresponde à atratividade/repelência do inseto adulto Z. subfasciatus atraídos em amostras de uma massa de feijão, tratada com extratos em pó, obtidos das folhas de A. pyrifolium, L. rigida e A. colubrina e, da casca dessas mesmas espécies de plantas, revelando efeito altamente significativo para procedimentos e a interação dupla (tabela 1).

Mediante os dados contidos na tabela 2, verifica-se que os Z. subfasciatus apresenta preferência pelas caixas da arena que contém amostra da massa de feijão sem tratamento, onde os extratos em pó das cascas foram superiores aos das folhas e, que o extrato L. rigida casca superou (82,49 %) o A. pyrifolium casca (78,88 %) e A. colubrina casca (77,49 %) que estatisticamente se igualaram. Igual comportamento se deu para a atratividade com o extrato de L. rigida folhas que atraiu os insetos adultos em 40,29 %, superando o extrato de A. pyrifolium folha (32,91 %) e A. colubrina folha (33,75 %) que não diferiram estatisticamente e, que o extrato L. rigida folha e L. rigida casca foram os mais eficientes quanto à repelência e a atratividade do Z. subfasciatus.

A diferença dos resultados obtidos, em relação à mortalidade do Z. subfasciatus (tabela 3), confirma maior percentual de insetos mortos depois de 72 h passadas do início da instalação do teste quer para o extrato folha quer para o extrato casca de todas as plantas e que, a ação desses extratos no tempo de 24 e 48 h não apresentou diferença estatística, isto é, tiveram o mesmo comportamento. Observou-se também, que o extrato A.pyrifolium casca foi estatisticamente inferior aos demais extratos que se igualaram estatisticamente em matar esta praga de armazenamento no tempo de 48 h. Este resultado deve-se provavelmente, ao fato de que os extratos de A. colubrina folha e A. colubrina casca perderam constituintes secundários do pó e não teve ação bioativa contra os insetos expostos, uma vez que no tempo de 72 h não se constata diferença para os resultados. Ressalta-se o tempo de 24 h como decisivo na identificação para seleção desses extratos em matar os insetos expostos na sua presença, e o seu emprego uma alternativa ecológica em substituir os defensivos químicos pelos naturais com destaque para os extratos de A. colubrina, A. pyrifolium e L. rigida.

A análise de variância (tabela 4) revelou efeito significativo para extrato, dose e sua interação sobre a mortalidade do Z. subfasciatus pelos extratos hidroalcoólicos obtidos da folha de A. pyrifolium, L. rígida e A. colubrina e das cascas, dessas mesmas espécies depois de 48 h de sua aplicação, sobre os insetos contidos em um recipiente de plástico, pelo método do vapor, utilizando-se um equipamento tipo torre de Potter.

A porcentagem média de Z. subfasciatus mortos pela ação dos extratos (tabela 5), revelado pela interação extratos com dose, em testes em que os extratos foram levados aos insetos adultos na forma de vapor (nebulização), revelou para a dose de 2 e 3 mL desempenho inferior para o extrato de A. colubrina casca, em que os demais extratos controlaram o inseto com maior eficiência e igualdade estatística, matando o inseto praga em mais de 94,99 % com destaque para o A. pyrifolium casca que controlou a população do Z. subfasciatus em 100% na dose de 3 mL com superioridade estatística sobre as demais doses. No entanto, quando se analisa os resultados individuais de cada extrato, em cada dose (linha) verifica-se que à medida que se aumentou a dose o controle foi maior, tendo todos os extratos na dose de 5 mL matando 100 % dos insetos adultos, conforme a estatística. Todavia, merece destaque o extrato A. pyrifolium casca, por ter controlado em 100 % o Z. subfasciatus na dose de 3 mL, seguido do A. pyrifolium folha e L. rigida casca.

 

DISCUSSÃO

Para procedimentos (linha) a repelência foi estatisticamente superior para todos os extratos elaborados, quer da folha quer da casca das plantas. Estes resultados se devem aos compostos secundários presentes nessas estruturas das plantas.

Entretanto, vale ressaltar que, somente o efeito repelente não é suficiente para promover o controle eficaz de Z. subfasciatus, devido à possibilidade de os compostos voláteis bioativos se dissiparem rapidamente, em função das propriedades de cada composto e condições físicas das estruturas de armazenamento.12

De maneira semelhante a este trabalho, com base nos índices de repelência, para o Z. subfasciatus, Costa,13 estudando os extratos (pó) da jaqueira casca em relação aos extratos matruz folhas, obteve resultados semelhantes quanto à repelência sobre o Z. subfasciatus; constatando superioridade do extrato da jaqueira (41,66 %) sobre o extrato do mastruz (21,10 %) e que para atratividade o mastruz foi superior em 73,32 %.

Mazzonetto14 estudando o efeito associado de pós-vegetais da parte aérea de C.ambrosióides sobre vários genótipos de feijoeiro, constatou efeito repelente para o Z. subfasciatus e A. obtectus. Torres15 analisaram o efeito de extratos aquosos de plantas em relação a P. xylostella, constatando que a oviposição da praga foi diretamente correlacionada com o aumento das concentrações dos extratos, independentemente da espécie vegetal utilizada, e que o efeito repelente se acentua com a quantidade de substâncias bioativas extraídas e existente em cada extrato; os extratos de A. pyrifolium, A. indica e Cissampelos aff. glaberrima foram os mais repelentes.

Silva 16 constataram que os pós de R. graveolens, A. indica e P. glomerata apresentam repelência sobre os adultos de Z. subfasciatus. Na formulação de sachê, pós de P. aduncum apresentaram repelência sobre os adultos deste inseto. Em concordância com esses resultados, Tavares17 observou maiores valores de mortalidade de insetos adultos do S. zeamais presentes em uma massa de grãos de trigo tratada com pós de folhas e frutos de C. ambrosioides.

Oliveira 12 estudaram, para o controle de Z. subfasciatus vivendo em grãos de feijoeiro comum, pós de pimenta, de folhas de canela e louro e casca de peroba, e destacaram a importância do pó de pimenta e folhas de canela que causaram 100 e 98 % de mortalidade desse inseto, respectivamente.

Os metabólitos secundários apresentam uma reconhecida atividade inseticida, por conferirem proteção à planta contra a herbivoria. Schoonhoven18 relataram que as saponinas interferem no crescimento e desenvolvimento dos insetos e que os flavonóides são considerados deterrentes alimentares ou tóxico aos insetos, dados que corrobora ação da bioatividade dos extratos de folhas e cascas de Anadenanthera colubrina, A. pyrifolium e L. rigida que através da fitoquímica comprovaram a presença de saponinas. Possivelmente nesses extratos, encontram-se substancias tóxica, com efeitos como repelente alimentar e inibitória para o Z. subfasciatus.

Trabalho similar a este, desenvolvido por Costa13 com extratos de jaqueira e mastruz sobre a mortalidade do Z. subfasciatus adultos, controlou em 100 % o desenvolvimento desse inseto a partir da dose de 6 ml depois de 48 h de suas aplicações pelo método do vapor.

Oliveira,12 estudando os pós de folhas de canela em concentração de 2,5 %, verificaram 98 % de mortalidade e redução de 100 % na postura de ovos viáveis e emergência de Z. subfasciatus adultos. Os mesmos autores relatam que, devido às propriedades inseticidas, esses produtos naturais podem ser de grande utilidade no manejo integrado do inseto em feijão armazenado, principalmente em pequenas propriedades rurais, necessitando, portanto, de uma padronização nos processos de coleta, secagem, preparo e armazenamento do material vegetal, bem como a quantificação dos compostos bioativos, a fim de que os resultados obtidos possam ser reproduzidos e/ou comparados.

Os seis extratos analisados, no presente trabalho em suas diferentes doses, apresentaram bioatividade com alta eficiência no controle do Z. subfasciatus, exibindo atividade inseticida pelo método de nebulização sobre o inseto na fase adulta. Os extratos dessas plantas apresentaram rapidez de resposta no controle desse inseto, podendo vir a ser uma alternativa viável no controle do Z. subfasciatus presentes em sementes armazenadas, preconizando uma concepção orgânica e agroecológica, visando desenvolvimento de compostos a partir dessas moléculas naturais, para encontrar um novo mecanismo de ação desses bioativos.

Segundo Brasil,19 um extrato vegetal é considerado eficaz quando apresenta valor mínimo de 95 %, de controle, com base nesta afirmação, pode-se afirmar para o presente trabalho, que os extratos estudados foram altamente eficientes em matar o Z. subfasciatus adulto a partir da dose de 3 mL.

A finalidade da procura por plantas com propriedades inseticidas nem sempre deve ser a mortalidade do inseto, pois a mortalidade é apenas um dos efeitos. A mortalidade proporciona uma concentração mais elevada do produto que consequentemente aumenta a quantidade de matéria-prima, tornando muitas vezes uma técnica inviável do ponto de vista prático. A finalidade primordial é que as plantas tenham efeitos nos insetos que reduza ou impeça a oviposição, alimentação e reprodução.20

Roel,21 avaliando o efeito de diferentes concentrações do extrato acetato de etila de folhas e ramos de Trichilia pallida Swart sobre a lagarta-do-cartucho, verificaram que o extrato causou mortalidade larval de 100%, em concentração igual ou superior a 0,05 %.

O extrato aquoso a 10 % do fruto verde da L. rígida apresenta bioatividade, sendo seus efeitos o alongamento da duração da fase larval e redução no peso de pupa.22

O número de adultos de Z. subfasciatus repelidos pelos extratos pós foi maior com o extrato L. rigida casca (82,49 %) seguido dos demais (A. pyrifolium casca, A. colubrina casca, A. pyrifolium folha e A. colubrina folha) e o extrato L. rigida folha (59,70 %), apresentou efeito contrário com a atratividade.

O teste de mortalidade com os extratos pós permitiu estabelecer o tempo de 48 h de exposição dos adultos de Z. subfasciatus no estudo dos extratos hidroalcoólicos levados aos insetos pelo método do vapor.

A mortalidade do Z. subfasciatus adulto foi maior para as maiores doses dos extratos levado aos insetos. O extrato pó de L. rigida folha foi o que mais atraiu os adultos de Z. subfasciatus e a L. rigida casca o de menor atratividade, os demais ( A. pyrifolium casca, A. colubrina casca, A. pyrifolium folha e A. colubrina folha) tiveram a mesma atratividade.

O extrato A. pyrifolium casca a partir da dose de 3 mL, foi 100% eficiente em matar o Z. subfasciatus adulto e, nas doses de 4 e 5 mL a mortalidade de 100 % deu-se para todos os extratos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recibido: 4 de marzo de 2015.
Aprobado: 14 de agosto de 2015.

 

 

Luzia Marcia de Melo Silva . Centro de Tecnologia e Recursos Naturais. Universidade Federal de Campina Grande (CTRN/UFCG). Universitário, Campina Grande. Paraíba, Brasil.

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