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Conrado

versión On-line ISSN 1990-8644

Conrado vol.16 no.77 Cienfuegos nov.-dic. 2020  Epub 02-Dic-2020

 

Artículo Original

Estratégias metodológica de investigação nas ciências sociais

Methodological strategies for research in social sciences

0000-0002-6366-9727Yohandra Rad Camayd1  *  , 0000-0001-5879-5035Eudaldo Enrique Espinoza Freire2 

1 Instituto Superior Politécnico Sinodal de Angola. Angola

2 Universidad Técnica de Machala. Ecuador

RESUMO

Nos últimos tempos, a investigação nas Ciências Sociais tem sido caracterizada pelo uso de metodologias variadas. Para reconhecer as estratégias qualitativas, quantitativas e mistas utilizadas nas Ciências Sociais com ênfase nas não experimentais, foi realizado um estudo de revisão bibliográfico sistematizado, utilizando o método de análise de conteúdo e hermenêutico. Entre os principais achados está a abordagem quantitativa-qualitativa como alternativa metodológica de complementação baseada no uso de variados métodos e técnicas que buscam maior controle das variáveis e correcção de erros típicos de cada método por meio da triangulação metodológica mutuamente validadora. Há uma relação estreita entre pesquisa social e pedagógica, evidenciada pela singularidade deste último: externalidade dos eventos sociais, complexidade dos fenómenos humanos, influência do tempo, dificuldade de estabelecer projecções, e transferência dialéctica de valores no processo de investigação.

Palavras-Chave: Pesquisa social; metodologias qualitativas; quantitativas e / ou mistas; pesquisa pedagógica

ABSTRACT

In recent times, Social Sciences research has been characterized by the use of varied methodologies. In order to recognize the qualitative, quantitative and mixed strategies used in the Social Sciences with emphasis on the non-experimental ones, a systematic bibliographic review-type study was carried out through the methods, content analysis and hermeneutics. Among the main findings is the quantitative-qualitative approach as a complementary methodological alternative based on the use of multi-methods and techniques that seeks greater control of the variables and correction of biases inherent to each method through mutually validating triangulation. There is a close relationship between social and pedagogical research, evidenced by the singularities of the latter: exteriority of social facts, complexity of human phenomena, influence of time, difficulty in establishing projections, and dialectical transfer of values in the research process.

Key words: Social research; qualitative; quantitative and / or mixed methodologies; pedagogical research

Introdução

A investigação é uma actividade que se realiza para descobrir algo que se desconhece, na investigação científica este processo investigativo é realizado no objecto de estudo e tem como base o método científico. Nos estudos das Ciências Sociais, esse desconhecimento está relacionada à realidade social.

Ao investigar o evento social, é necessário partir da reflexão de como contribuir para a construção da ciência e como ela é investigada; bem como questionar as concepções epistémicas metodológicas e as práticas investigativas, a fim de, na perspectiva de um sistema de regras e configuração normativa, não absoluta ou universal, empreender a busca de respostas ou soluções para os problemas sociais. Neste exercício reflexivo, não pode faltar o questionamento sobre quais são as estratégias metodológicas e quais os métodos de pesquisa em Ciências Sociais mais úteis de acordo com o contexto do trabalho de pesquisa a partir de posições qualitativas, quantitativas ou mistas.

O presente estudo inscreve-se nestes pressupostos, o qual visa reconhecer as estratégias qualitativas, quantitativas e mistas utilizadas nas Ciências Sociais com ênfase nas metodologias não experimentais.

Metodologia

Este trabalho responde a uma pesquisa do tipo revisão bibliográfica sistemática através dos métodos de análise de conteúdo e hermenêutica, o que facilitou a análise, cotejo e classificação dos textos de artigos científicos localizados, através das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), em bases de dados, a saber: SciElo, Scopus e Academic Search Complete; bem como em teses de graduação localizadas em repositórios de universidades nacionais e estrangeiras, incluindo a Universidade Técnica de Machala, a Universidade Central do Equador, a Universidade Internacional do Equador, a Universidade Estadual de Bolívar, a Universidade Politécnica Salesiana de Cuenca e a Universidade Técnico Luis Vargas Torres de Esmeraldas; Entre os estrangeiros, a Universidade Nacional de La Plata, a Universidade Autónoma do México, a Universidade Autónoma de Barcelona e a Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos da América.

Os textos para estudo foram classificados de acordo com as seguintes categorias de análise, pesquisa social, estratégias de pesquisa não experimental, metodologia qualitativa, metodologia quantitativa; Por meio desse processo e com o auxílio do programa EndNote, foi construída uma base de dados com 1138 arquivos bibliográficos, que serviram como suporte teórico e nas anotações das fontes referenciais do discurso escrito.

A lógica investigativa foi norteada pelas seguintes questões:

  • Quais são as directrizes epistémicas e metodológicas tratadas na literatura especializada que nos permitem compreender o processo de pesquisa social?

  • Como são classificadas as pesquisas em Ciências Sociais?

  • Quais são as técnicas mais comuns usadas na pesquisa social não experimental?

  • Quais são as abordagens da pesquisa qualitativa em Ciências Sociais não experimentais?

  • Quais são os métodos e técnicas de metodologia quantitativa usados ​​na pesquisa social?

  • Quais são as estratégias investigativas de metodologia mista utilizadas nas Ciências Sociais?

  • Qual é a relação entre pesquisa social e pedagógica?

Desenvolvimento

Antes de se aprofundar na pesquisa social, é fundamental abordar o conceito de pesquisa científica. O processo investigativo caracteriza-se por ser um fenómeno de busca e produção de conhecimento sobre a estrutura, funcionamento ou mudança de uma zona de realidade que enriquece a ciência.

A partir dessa posição científica, Hernández Sampieri, et al. (2014), definem a pesquisa científica como um processo dinâmico, sistemático, controlado, empírico, mutante e crítico de proposições hipotéticas sobre as possíveis relações entre fenómenos naturais.

Assim, a pesquisa científica é um processo no qual o método e as técnicas científicas são aplicados para encontrar uma resposta para o problema sob investigação. Esse processo é baseado no método científico, que nada mais é do que um conjunto de tácticas utilizadas na construção de novos conhecimentos que respondam ao problema investigado. O método científico é estruturado em etapas que levam a explicar o objecto de estudo, ou seja, a estabelecer relações entre eventos (Burgo, et al., 2019).

Os métodos de realização de uma investigação científica são diversos, embora na literatura especializada seja comum distinguir dois grandes grupos, o dedutivo e os indutivos ou empíricos; o primeiro grupo é usado para inferir declarações particulares a partir de premissas gerais, enquanto através do empirismo declarações gerais são criadas a partir da experiência, a observação repetida de fenómenos comparáveis, até chegar a declarações de natureza universal por inferência. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que esses tipos de métodos seguem processos lógicos reversos de pesquisa.

A essência da investigação é a obtenção dos dados e o seu tratamento, pelo que a utilização das técnicas utilizadas neste sentido define a abordagem da natureza da investigação; Podem ser qualitativos, quantitativos ou mistos.

Os qualitativos caracterizam-se pela obtenção de dados não quantificáveis ​​em princípio, obtidos por observação e análise intuitiva; As informações são prestadas a critério das fontes informantes ou especialistas, portanto os dados possuem forte carga de subjectividade, são pouco controláveis ​​e não permitem uma explicação clara dos fenómenos; Apesar disso, as técnicas qualitativas constituem um instrumento válido para a tomada de decisões com base nas previsões dos especialistas. Neles, a realidade é socialmente construída a partir das várias formas de percebê-la e o conhecimento é socialmente construído pelos participantes do processo investigativo (Espinoza, 2020).

Enquanto a pesquisa quantitativa parte de um paradigma positivista, cujo objectivo é descrever e explicar as causas, bem como generalizar e extrapolar, tendo como objecto desta pesquisa fatos, objectivos existentes e sujeitos a leis e padrões gerais (Rivadeneira, 2017); Por meio do processo investigativo quantitativo, as informações são colectadas para testar as hipóteses por meio do uso de estratégias estatísticas baseadas no estudo e na análise da realidade por meio de diferentes procedimentos apoiados em medidas numéricas, que permitem ao pesquisador formular padrões de comportamento e testar os fundamentos teóricos que explicam esses padrões (Hernández Sampieri, et al., 2014). Eles possuem um maior nível de controlo e inferência, sendo possível realizar experimentos e obter explicações contrastadas a partir das hipóteses.

Essas investigações são úteis para medir as variáveis em estudo de forma objectiva e com grande precisão (Espinoza, 2019). Em síntese, essas investigações são caracterizadas, segundo Rivadeneira (2017), por:

  • Um problema bem definido pelo pesquisador.

  • Os objectivos são claramente definidos pelo pesquisador

  • Elaboração de hipóteses a serem corroboradas ou refutadas por meio de testes empíricos.

  • Utilização de instrumentos de colecta de informações e mensuração de variáveis altamente estruturadas.

Como pode ser visto, essas metodologias possuem uma abordagem própria para colectar, processar e analisar informações, razão pela qual por muito tempo houve posições diametralmente opostas sobre a utilidade de cada uma.

Actualmente existe uma forte tendência de investigação que visa a conciliação, integração e complementação destas duas metodologias, através da utilização de métodos multimodais ou abordagem mista de investigação. A combinação de seus procedimentos e técnicas aumenta suas possibilidades ao oferecer um amplo espectro de riqueza de informações e maior controle das variáveis; Além disso, sua integração permite corrigir os vieses de cada método por meio da triangulação de validação mútua (Cadena-Iñiguez, et al., 2017).

Nesse sentido, Espinoza (2020), acredita que a partir de uma abordagem mista, os critérios e opiniões recorrentes, vistos por meio de uma leitura comparativa, são identificados como julgamentos sobre regularidades utilizadas para criar matrizes que são agrupadas de acordo com as semelhanças de os perfis de expressões significativas que podem ser quantificados; o que induz a análise de um pensamento qualitativo, enquanto os métodos geralmente qualitativos são um passo na direcção da precisão quantitativa.

Esses paradigmas contemporâneos de pesquisa científica (qualitativos e quantitativos) fornecem as premissas, postulados, métodos e procedimentos para investigações e soluções, de modo que os processos de pesquisa social não possam estar fora desses paradigmas; então, todo pesquisador deve dominá-los e, consequentemente, adoptar uma postura paradigmática.

O referido também atinge a Pesquisa Social, pois constitui um processo no qual o método e as técnicas científicas são aplicados ao estudo de situações ou problemas da realidade social, com o objectivo de ampliar o conhecimento das Ciências Sociais, das respostas encontradas; entretanto, esta seção enfatiza alguns aspectos específicos relacionados à pesquisa social.

Nessas investigações, a zona de realidade é composta por instituições, grupos e categorias de pessoas em situações de relacionamento ou inter-relação social, bem como os múltiplos processos que nela ocorrem como resultado do comportamento humano, para que o processo A pesquisa não está atrelada a leis imóveis e universais, ao contrário, elas mudam com o passar do tempo e são mediadas pelo contexto sociocultural.

A literatura consultada refere-se a diferentes taxonomias da pesquisa social, dentre as mais úteis estão aquelas que respondem aos pressupostos da pesquisa, de acordo com o tempo de mensuração das variáveis e de acordo com os objectivos da pesquisa.

De acordo com o grau dos pressupostos da pesquisa, eles são classificados em pré-experimentais ou correlacionais (observação do fenómeno sem introdução de qualquer mudança ou alteração das variáveis), quase-experimentais (pode haver ou não manipulação experimental da variável independente para verificar seu efeito sobre o variável dependente) e experimental (observação controlada) (Hernández Sampieri, et al., 2014).

Considerando o tempo de mensuração das variáveis, os estudos podem ser seccionais ou transversais (os dados são obtidos em um único momento específico do estudo) e longitudinais (as informações são colectadas em vários momentos do processo de pesquisa para analisar sua evolução)

De acordo com os objectivos da investigação, estes são classificados em exploratórios, descritivos, explicativo-preditivos e avaliativos; sendo uma das classificações mais utilizadas.

Os exploratórios servem para uma primeira aproximação ou familiarização com o objecto de estudo; geralmente são feitos antes de empreender a investigação final para determinar onde uma análise posterior é necessária.

Os descritivos são usados ​​para caracterizar um fenómeno por meio da observação e medição de seus componentes. As informações fornecidas por essas investigações podem servir de base para estudos mais específicos.

Por meio de estudos explicativo-preditivos, o objectivo é determinar os factores de influência sobre as variáveis, pretendem estabelecer as relações entre as variáveis, determinar as causas do fenómeno em análise e fazer previsões.

Finalmente, a pesquisa avaliativa visa validar a conceituação, desenho, implementação e utilidade de programas de intervenção social.

Da mesma forma, existem diferentes tipos de técnicas de pesquisa social; abaixo e na sequência de Chaverri-Chaves (2017), listamos os mais frequentes.

  • Entrevista: recupera o depoimento de informantes-chave, especifica seus conhecimentos sobre o assunto, permite que se ampliem. Há uma diversidade importante de tipos de entrevista, dependendo dos tópicos, da dinâmica de sua aplicação ou da definição dos informantes-chave.

  • História de vida: reconstrói a biografia de uma pessoa por meio de várias fontes, por exemplo, dados genealógicos, entrevistas com parentes ou colegas, entre outros. Essa técnica costuma ser muito próxima da entrevista biográfica, mas não depende dela, já que a história de vida poderia até ser feita sobre um grupo social ou sobre uma pessoa já falecida.

  • Levantamento: sistematiza informações equivalentes na mesma população, de forma que os instrumentos devem possibilitar um certo nível de padronização nas questões de cada item e nas respostas obtidas.

  • Observação: caracteriza cenários de interacção, define limites de tempo e espaço para observação, documenta práticas, quem investiga pode ou não estar envolvido nesta. Às vezes pode ser semelhante ao mapeamento, que é a realização gráfica de espaços geográficos ou institucionais, pode recorrer a organogramas, fluxogramas, esboços ou mesmo implementar sistemas de informação geográfica.

  • Análise de discurso: indica orientações que tomam discursos singulares, embora não sejam normalmente promovidos pelo pesquisador, apenas às vezes colectados ao vivo. Por sua vez, a análise de conteúdo: mostra tendências em um conjunto de fontes documentais, muito semelhantes à técnica anterior, que geralmente varia rastreando um tema em uma variedade de fontes, sejam textuais, fotográficas, auditivas ou de vídeo, em formato físico ou digital.

  • Sociometria: mede a intensidade dos laços entre pessoas ou organizações, pode ser usada muito comumente aplicando algum tipo de teste. Às vezes pode ser expressa graficamente, abrindo o campo para o sociograma, como uma técnica que indica tipos de vínculos entre pessoas ou organizações e sua dinâmica, também pode ser referida como análise de rede e representada graficamente.

  • Sociodrama: mostra emoções e relações de grupo sobre determinados temas, permite a reconstrução de testemunhos ou atitudes em cenários hipotéticos através da dramatização.

  • Representação social: torna visível o imaginário ou preconceitos de uma população, documenta as reacções a diversos temas, por meio de objectos, imagens ou palavras.

  • Grupo focal: reconstrói cenários de discussão em grupo, ao contrário da entrevista puramente em grupo, permite captar a conversa dos informantes entre si e suas reacções.

  • Etnologia: geralmente é uma combinação de várias das técnicas anteriores, mas sempre aplicadas in situ, o que em seu sentido clássico supõe a observação participante, mas com ênfase no estudo comparativo de culturas, enquanto a imersão em um campo cultural específico É mais típico da etnografia, assim como o estudo dos grupos culturais originais é típico da etno-história, que tende a recorrer a técnicas já mencionadas acima e outras, como a genealogia, para recuperar os troncos da progénie.

Partindo do objectivo da investigação e do conhecimento dos tipos e técnicas de investigação, o investigador antes de iniciar o trabalho de investigação, deve questionar-se quais são as técnicas mais adequadas a utilizar de acordo com o tipo de investigação que se pretende realizar? São necessárias informações sobre as variáveis em estudo? Quais instrumentos de colecta de informações usar? Como projectar esses instrumentos? Essas e outras perguntas devem ser feitas pelo pesquisador; o que implica assumir uma metodologia quantitativa, qualitativa ou mista, dependendo da natureza da informação.

A metodologia qualitativa é uma ferramenta poderosa para o estudo dos problemas sociais, questão que tem sido abordada por diversos autores, a saber: López-Roldán e Fachelli (2015); e Evers (2016), que, de diferentes ângulos, contribuem com elementos de grande interesse Para a implementação de estratégias qualitativas, essas contribuições incluem o adequado planeamento, colecta e processamento das informações, das quais depende a qualidade da análise e, consequentemente, a precisão, validade e confiabilidade dos dados; pilares sobre os quais se baseiam os resultados das investigações e a derivação das conclusões, portanto, são aspectos que requerem estratégias, que servem de guia ao pesquisador.

Em outra linha, Scribano (2000), levando em consideração critérios teórico-metodológicos, propõe as seguintes abordagens para a realização de pesquisas sociais qualitativas:

  • Análise de conteúdo clássica. É a execução de inferências válidas e replicáveis ​​através de uma identificação sistemática e objetiva do conteúdo da comunicação com base nas características específicas dos dados ao contexto.

  • Análise de conteúdo etnográfico. Constitui um exame reflexivo da documentação, que parte da compreensão do significado da comunicação, o que permite corroborar as relações entre teoria e ética.

  • Análise de discurso. Baseia-se na análise do que aconteceu naturalmente através da interpretação do discurso oral ou escrito, apostando nas formas e mecanismos da comunicação humana e interacção verbal.

  • Estudos de Documentos, Histórias de Vida e História Oral. É um processo não estruturado ou quantitativo de revisão de documentos pessoais por meio do qual são estudadas as experiências subjectivas dos indivíduos no contexto social em que se desenvolvem.

Etnografia (clássica, holística, reflexiva). Caracteriza e estuda a cultura ou comunidade, descrevendo as crenças e práticas do grupo.

  • Etnografia estrutural. Ele cataloga e explica a organização e distribuição social de significados subjectivos como campos originais e diversos da realidade. Classifique suas formas e inter-relações no tempo e no espaço. Por meio da oralidade, a cultura tácita de um grupo é revelada.

  • Etnografia da comunicação (mico etnografia). Ele se concentra nos padrões de relações sociais entre membros de um grupo cultural ou entre membros de diferentes grupos culturais. Facilita o detalhamento do processo dessas relações e entende como elas se relacionam com outras mais amplas como a organização cultural e social.

  • Etnometodologia. Analisa como os membros da sociedade em seus relacionamentos constroem o significado de expressões não universais dependentes do contexto, como eles dão sentido a eles na compreensão diária de eventos e fenómenos; e como organizam suas actividades de forma que outras pessoas possam reconhecê-los por suas acções.

  • Etnociência (antropologia cognitiva). Baseia-se na compreensão das categorias culturais e dos princípios organizacionais que sustentam essas categorias, por meio da análise de sistemas semânticos, definição sistemática do significado das palavras (nomes das coisas no contexto de seu uso), permitindo a construção dos campos léxico-semânticos de conexão das proposições.

  • Análise da Estrutura de Eventos. Centra-se no estudo e apresentação de séries de eventos como um sistema de estruturas lógicas (estudo de seus elementos, conexões, condições que regem essas conexões), eles podem servir como modelos explicativos de eventos atuais ou populares.

  • Construção de teoria fundamentada. Ele encoraja a descoberta da teoria a partir dos dados por meio do uso do método geral de análise comparativa.

  • Interaccionismo simbólico. Permite observar como os processos de designação e interpretação desvalorizam, redireccionam e transformam as formas como os participantes organizam colectivamente as acções; Permite compreender como os indivíduos são capazes de assumir outra perspectiva e apreender significados e símbolos em instâncias concretas de participação.

Da mesma forma, dentro do paradigma da pesquisa qualitativa está o socio crítico, que pretende ser um motor de transformações e mudanças sociais, que parte dos próprios atores sociais e onde o pesquisador passa a ser um sujeito mais comprometido com essa mudança (Guamán, et al., 2019).

Essas abordagens revelam a existência de diferentes técnicas e formas de fazer pesquisas qualitativas, que devem ser seleccionadas de acordo com o propósito da abordagem investigativa. Essas formas de proceder na pesquisa social tornam possível estudar o comportamento e a linguagem do sujeito como fonte primária de informação; Por meio deles, podem ser interpretados os comportamentos, testemunhos, conceitos, percepções, opiniões e crenças particulares dos informantes; Além disso, permitem detalhar e aprofundar nos casos que o requeiram.

O paradigma qualitativo foi por muito tempo o suporte das investigações das Ciências Sociais; mas, a partir da Segunda Guerra Mundial, as ciências da comunicação e da cultura adoptaram métodos quantitativos. Em meados da década de 1940, nos Estados Unidos da América, esses métodos começaram a ser usados na pesquisa social, onde a estatística teve ênfase (Cadena-Iñiguez, et al., 2017).

A partir da abordagem quantitativa, segundo Espinoza (2019), o método científico enfoca os fatos ou causas do fenómeno social; utiliza o método estatístico e o questionário, inventário e técnicas de análise demográfica que produzem números, que podem ser analisados estatisticamente para verificar, aprovar ou rejeitar as relações entre as variáveis operacionalmente definidas, além disso, regularmente a apresentação de resultados de estudos quantitativos é suportada com tabelas estatísticas, gráficos descritivos e uma análise numérica.

O uso de métodos quantitativos em pesquisas sociais promove o debate sobre a confiabilidade dos resultados, o que tem sido resolvido com o aumento do tamanho da amostra, portanto o número de unidades de observação deve ser directamente proporcional para a confiabilidade desejada; no entanto, o tamanho da amostra tem efeito inversamente proporcional na precisão dos resultados do estudo; que deve ser resolvido pelo pesquisador, seleccionando o método, técnicas e instrumentos mais adequados de acordo com:

  • Tipo de problema a ser investigado, em função das características do objecto e do objecto de estudo.

  • O tempo e a possibilidade de realizar uma ou mais investigações, principalmente para custearem.

  • Exactidão das informações, maior precisão é alcançada nas quantitativas.

  • Os usuários ou o público ao qual os resultados são direccionados.

  • Dificuldade em obter informações (Snedecor & Cochran, 1984).

Nas Ciências Sociais, a precisão de um instrumento geralmente é definida por sua sensibilidade às variações do registro, que responde à precisão com que um indivíduo se relaciona com a característica a ser investigada, o que confere maior ou menor validade ao achado. Portanto, precisão, validade e confiabilidade estão intimamente relacionadas (Cadena-Iñiguez, et al., 2017).

A combinação de paradigmas qualitativos e quantitativos baseia-se no fato de que quantidade é na verdade mais uma qualidade dos objectos, qualidades podem ser quantificadas e, por outro lado, toda quantidade é um tipo de qualidade que pode ser registrada em números (Espinoza, 2020). A metodologia mista aceita a existência de várias formas de atingir os objectivos, esta relação qualitativo-quantitativa facilita a relação entre estratégias que podem dar conta da conexão entre mecanismos, contextos e agentes (Scribano, 2000).

Nos últimos anos o uso de vários métodos vem ganhando espaço, os debates atuais se concentram em encontrar propostas de estratégias investigativas baseadas em métodos mistos consistentes de ordem metodológica e técnica (López-Roldán e Fachelli, 2015). Nesse sentido, distinguem-se as seguintes estratégias mistas de pesquisa, apresentadas na tabela a seguir (Tabla 1).

Tabla 1 - Estrategias de metodologías mistas de investigação. 

Estratégia Descrição
Estratégia de complementação Caracteriza-se pela utilização de várias técnicas (qualitativas e quantitativas) que visam abordar diferentes aspectos ou dimensões do objecto estudado sem produzir uma integração analítica, nem mesmo parcial.
Estratégia de encadeamento São desenhos onde o trabalho de campo é realizado em etapas sucessivas, de forma que os dados (quantitativos ou qualitativos) colectados, processados ​​e analisados ​​em primeiro lugar possam servir para melhorar a obtenção e análise dos dados (quantitativos ou qualitativos) dos Próximo estágio; assim procedemos sucessivamente de acordo com os recortes estabelecidos para a colecta de informações.
Os desenhos de triangulação O objectivo principal dos desenhos de triangulação é a confirmação dos achados oferecidos por duas ou mais técnicas diferentes. Busca-se a convergência de resultados, a partir de métodos implementados de forma independente em uma única fase; posteriormente os dados obtidos são integrados no momento da interpretação.
Desenho concorrente Este desenho envolve uma única fase de colecta de dados, onde várias técnicas são utilizadas para medir aspectos diferentes, mas complementares, de um mesmo problema ou objecto de estudo. Ao contrário do método tradicional de triangulação, no modelo aninhado não há pretensão de comparação de dados, a integração ocorre uma vez obtida, de forma que a fase de análise e interpretação é realizada em conjunto com as informações quantitativas e qualitativas.

Fonte: López-Roldán & Fachelli (2015).

A eficiência do paradigma misto é dada pelos benefícios que a aplicação coerente das técnicas separadamente e sua correspondência com o modelo de análise de estratégia proporciona a partir da ordem teórica e metodológica, que finalmente o justifica, valida e valoriza como uma ferramenta para abordar complexidade social (López-Roldán e Fachelli, 2015).

A escola tem a missão social de formar as novas gerações de cidadãos para que vivam plenamente no contexto social do seu tempo; razão suficiente para que a pesquisa social seja um factor importante a se levar em consideração na determinação das influências e relações da escola com a sociedade.

Nesse sentido, Burgo, et al. (2019), confirmaram que a composição do grupo de alunos, independentemente das características individuais e familiares de cada aluno, é um factor influenciador nas relações entre pares dentro das salas de aula e instituições de ensino, o que afecta directamente no desempenho académico de cada um dos alunos do grupo.

Da mesma forma, os estudos realizados por Guamán, et al. (2020), dão conta da complexidade da definição e determinação dos subgrupos de alunos dentro da comunidade educacional, como premissa para o atendimento às necessidades e particularidades cognitivas, implementação de programas que promovam retenção, aprendizagem e desempenho, e resolver outros problemas escolares.

Portanto, os professores devem dominar os métodos, procedimentos e técnicas da pesquisa social. Essas ferramentas metodológicas de pesquisa em Ciências Sociais são úteis dentro dos centros educacionais para o estudo das relações estabelecidas entre os membros da comunidade educacional, uma vez que seu objectivo é encontrar respostas para os problemas da realidade social.

No contexto equatoriano, esta dimensão educacional da pesquisa em Ciências Sociais é um elemento a ser levado em consideração devido ao carácter multicultural e plurinacional do país e ao sistema bilíngue intercultural; que, longe das regulamentações e do discurso oficial, tem se mostrado um mero conceito (Guamán, et al., 2019), dada a realidade sociocultural, política, económica e educacional prevalecente no Equador, que requer estudos científicos.

Essa confluência entre o social e a escola é evidenciada por meio dos argumentos de Méndez (2013), que levanta a existência de singularidades da pesquisa educacional relacionadas à pesquisa social, a saber:

  1. Exterioridade dos eventos sociais. Os membros da comunidade educacional são fortemente influenciados por factores externos ao contexto escolar (família, comunidade, etc.) que condicionam a dinâmica interna do centro ou da sala de aula.

  2. Complexidade dos fenómenos humanos. A psicologia humana é plástica na forma de perceber, processar e se posicionar frente às influências externas, o que significa que a aplica

  3. Influência da mudança (tempo) nos alunos. A evolução cognitiva dos alunos é dinâmica, portanto, suas características variam no tempo, pelo menos de acordo com Piaget (1978), desde a infância até a idade adulta.

  4. Dificuldade em estabelecer projecções (tendências comportamentais). Os alunos e outros membros da comunidade educacional, como todos os seres humanos, respondem às contingências e eventualidades do ambiente social, razão pela qual a evolução individual e o comportamento do grupo estão entrelaçados de forma complexa e sinérgica, mas não determinística (Morin, 2006).

  5. Transferência dialéctica de valores no processo de pesquisa. As relações entre o pesquisador e os sujeitos de observação provocam no subconsciente dos envolvidos empatia, rejeição, preconceito e / ou confronto de ideologias, causando parcialidade na selecção do objecto de estudo e sua abordagem; Da mesma forma, influenciam o processo de colecta de dados, sua análise e a proposta de solução do problema investigado.

Essas características revelam que é difícil separar o ideal de sociedade do condicionamento necessário para alcançá-lo por meio dos sistemas educacionais; o que leva a considerar a dimensão social na pesquisa educacional, enfatizando a importância de uma adequada formação epistemológica, técnica e processual do conhecimento humano e social no pesquisador pedagógico (Guamán, et al., 2020).

Conclusões

A literatura especializada levanta entre as directrizes epistémicas e metodológicas das investigações sociais, a utilização de abordagens qualitativas, quantitativas e mistas, esta última como uma alternativa que a cada dia ganha mais adeptos, pois é uma metodologia complementar que permite através da utilização de os multimétodos e uma variedade de técnicas qualitativas e quantitativas permitem maior controle das variáveis e correcção dos vieses de cada método por meio de triangulação de validação mútua.

Existe uma grande variedade de taxonomias de pesquisa em Ciências Sociais, entre elas, uma das mais úteis é a classificação segundo os objectivos da pesquisa, exploratória, descritiva, explicativo-preditiva e avaliativa.

Entre as técnicas de investigação das Ciências Sociais estão: entrevista, história de vida, levantamento, observação, análise de discursos, sociometria, sociodrama, representação social, grupo focal e etnologia.

As abordagens mais frequentes da metodologia de pesquisa qualitativa das Ciências Sociais são: análise de conteúdo clássica, análise de conteúdo etnográfica, análise de discurso, estudos de documentos, histórias de vida e história oral, etnografia (clássica, holística, reflexiva), etnografia estrutural, etnografia da comunicação (mico etnografia), etnometodologia, etnociência (antropologia cognitiva), análise da estrutura dos acontecimentos, construção de teoria fundamentada e sócio crítica.

A metodologia quantitativa utiliza entre seus métodos, as estatísticas e técnicas que produzem números como o questionário, inventários e análises demográficas.

As estratégias investigativas das ciências sociais com abordagem mista são: a estratégia de complementação, a estratégia em cadeia, os desenhos de triangulação e o desenho concorrente.

As relações da pesquisa social e pedagógica são evidenciadas pelas singularidades desta última: exterioridade dos eventos sociais, complexidade dos fenómenos humanos, influência da mudança (tempo) nos alunos, dificuldade em estabelecer projecções (tendências de comportamento e transferência, dialéctica, de valores no processo de pesquisa.

No meio equatoriano, a dimensão educacional da pesquisa social adquire uma nuance singular, por se tratar de uma sociedade multicultural e plurinacional, que possui um sistema educacional intercultural bilíngue, o que requer o estudo científico dos factores de influência sociocultural, político, económico e pedagógico.

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Recebido: 09 de Setembro de 2020; Aceito: 23 de Outubro de 2020

*Autor para correspondencia. E-mail: hacamay2017@gmail.com

Los autores declaran la no existencia de conflictos de intereses.

Los autores participaron de forma igualitaria en la concepción y elaboración del artículo.

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